O “voto de confiança” dado pela agência de classificação de risco Moody’s ao governo brasileiro fez com que o dólar fechasse abaixo de 3,50 reais nessa quarta-feira. Apesar do alívio, preocupações com China voltaram a pesar sobre os mercados e derrubaram a Bolsa brasileira para o menor patamar em cinco meses.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em baixa de 0,56%, para 3,485 reais. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, caiu 0,65%, para 3,475 reais.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou o dia com desvalorização de 1,39%, para 48.388 pontos, no menor nível desde 10 de março, quando o índice fechou a 48.293 pontos.
A decisão da Moody’s de rebaixar a nota de crédito do País e de colocá-la em perspectiva estável foi vista como uma nova oportunidade para o governo aprovar os ajustes fiscais, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.
“O mercado esperava um corte que tirasse o grau de investimento do País. Ao colocar a nota em perspectiva estável, a Moody’s deu um tempo a mais para o governo tentar se recompor e levar adiante um ajuste fiscal mais crível que leve a dívida pública para uma trajetória sustentável”, avaliou.
Apesar do voto de confiança, a situação do Brasil é complicada, de acordo com o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. “Estamos na linha d’água no que diz respeito ao rating soberano. Qualquer corte além do patamar atual e o barco afunda”, afirmou.
“O mercado não quer ser surpreendido, por isso tem operado no limite, próximo a 3,50 reais, porque viu que o Banco Central aumentou a rolagem quando o dólar começou a subir além desse patamar”, disse.
Segundo ele, caso a moeda norte-americana continue a se apreciar em relação ao real, o Banco Central poderia fazer um leilão extraordinário de swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro) para saber quanto da demanda por dólares é especulação e quanto é real necessidade de liquidez do mercado.
Bolsa
A desvalorização das ações de Itaú Unibanco, Bradesco e Ambev – que somam 28,5% do peso do Ibovespa – pesou nessa quarta-feira. Os papéis do Itaú Unibanco fecharam em queda de 2,88%, para 27,68 reais. As ações preferenciais do Bradesco cederam 3,21%, para 24,75 reais, enquanto as ordinárias caíram 2,66%, para 25,95 reais.
A queda ocorreu após a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) propor a elevação da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) das instituições financeiras de 15% para 23%. A proposta consta em relatório à comissão mista do Congresso que avalia a medida provisória 675.
No parecer, a senadora aceitou parcialmente emendas que pedem a redução do crédito presumido do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para empresas envasadoras de bebidas instaladas na Zona Franca de Manaus.
Com a perspectiva de taxação maior, as ações da Ambev fecharam o dia com desvalorização de 3,63%, para 18,84 reais.
As ações da mineradora Vale, que abriram em baixa sob impacto de China, fecharam no azul. Os papéis preferenciais subiram 1,64%, para 14,90 reais, e os ordinários encerram em alta de 1,72%, para 18,92 reais.
As ações da Petrobras também subiram, após a Moody’s manter o rating da empresa, incluindo o rating de dívida Ba2, com perspectiva estável. Os papéis mais negociados da petrolífera subiram 0,51%, para 9,88 reais. As ações ordinárias tiveram alta de 0,55%, para 11,03 reais. (Folhapress)
