O dólar recuou em relação ao real nesta terça-feira (30), reagindo a vendas de divisas relacionadas à briga pela formação da Ptax – taxa calculada diariamente pelo BC (Banco Central) que serve de referência para diversos contratos cambiais – de junho. Investidores também acompanharam os desdobramentos da crise entre a Grécia e seus credores. O país não pagou sua dívida ao Fundo Monetário Internacional.
A moeda norte-americana recuou 0,33%, a 3,1095 reais na venda, após cair 0,28% na véspera. Neste mês, a divisa caiu 2,45%. Em 2015, contudo, o dólar acumula uma alta que chega a 16,9%.
Ptax
Embora no Brasil a taxa de câmbio seja negociada livremente, existe o encargo oficial calculado pelo governo federal, chamado de Ptax. Essa taxa não tem o objetivo de servir de referência para a negociação da moeda norte-americana, mas trata-se de uma tarifa média, calculada pelo BC junto às instituições financeiras.
“Estamos vendo alguns fluxos relevantes nas janelas da Ptax. Tudo leva a crer que os vendidos estão ganhando dos comprados”, resumiu à agência de notícias Reuters o operador da corretora Intercam Glauber Romano. Nas últimas sessões do mês, operadores costumam disputar para deslocar a Ptax a patamares mais favoráveis a suas posições cambiais.
Desvalorização
A desvalorização de 2,29% do dólar à vista (referência no mercado financeiro) no mês reflete principalmente a expectativa de entrada de novos recursos no País, na esteira do aumento na Selic (taxa básica de juros), segundo operadores. A avaliação é que há liquidez em excesso no mundo, com programas de estímulo no Japão e na Europa, e que os estrangeiros devem continuar, ao menos no curto prazo, a aplicar em países com taxa de juros mais elevadas, em busca de retornos mais atraentes.
Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, os juros permanecem em patamares baixos. Além de estimular a queda do dólar, o aperto monetário vem favorecendo os fundos de renda fixa. Esses produtos aplicam em títulos cuja remuneração acompanha a tendência do juro básico, ou que estão atrelados à própria Selic.
No início do mês, o BC confirmou o que era esperado pelo mercado e elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano. Foi a sexta alta seguida desde a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, no fim de outubro de 2014. (AG e Folhapress)
