O dólar fechou, nessa terça-feira (5), em alta de 1,13%, cotado a R$ 4,6598. Foi a maior valorização em três semanas. Na abertura do dia, no entanto, a moeda foi negociada em queda e chegou a valer R$ 4,60. Com o resultado dessa terça, a divisa acumula queda de 2,09% no mês e de 16,41% no ano.
Nessa terça, os operadores recompuseram parte de posições na moeda norte-americana após uma sequência de quedas que levou a cotação ao menor valor em mais de dois anos na última segunda (4).
O clima externo agitado — ditado por temores de enxugamento de liquidez mais acelerado nos Estados Unidos e por uma atmosfera de guerra entre Rússia, Ucrânia e Ocidente — serviu de argumento para compras de dólares, que deixaram o real entre as moedas de pior desempenho no dia.
Mercados
No exterior, os preços do petróleo subiram, diante da perspectiva de mais sanções contra a Rússia , grande exportadora da commodity.
“Todo mundo está apenas pensando sobre o que vem a seguir em termos de sanções à Rússia, haverá realmente discussões significativas sobre a proibição das importações europeias de petróleo e carvão russos?”, questionou Danni Hewson, analista financeira da AJ Bell, segundo a Reuters.
A União Europeia provavelmente adotará uma nova rodada de sanções contra a Rússia, enquanto os Estados Unidos também planejam novas medidas nesta semana para punir Moscou por assassinatos de civis na Ucrânia.
Por aqui, a agenda da semana inclui a divulgação da inflação oficial de março. Por conta da greve dos servidores do Banco Central, não foi divulgado nesta semana o boletim Focus, com as estimativas do mercado para inflação, PIB, taxa de juros e câmbio.
O recuo do dólar frente ao real em 2022 tem sido favorecido pela disparada nos preços das commodities e juros em patamares mais elevados no Brasil. O país possui atualmente a segunda maior taxa de juros reais no mundo, atrás somente da Rússia.
O movimento do dólar nas últimas semanas também é um reflexo do maior fluxo de capital estrangeiro para o País devido ao diferencial de juros com o exterior e perspectiva de que o Banco Central irá promover novas elevações na taxa Selic para tentar controlar a inflação. Juros mais altos no Brasil tornam a moeda local mais interessante para investidores que buscam rendimento em ativos mais arriscados.
Em relatório, a XP Investimentos avaliou que “o câmbio valorizado não evita alta da inflação”. A instituição passou a projetar IPCA de 7% em 2022 e Selic (taxa básica de juros) subindo até 12,75% ao ano.
“A apreciação do câmbio é respaldada por fundamentos e pode continuar no curto prazo. Mas há riscos adiante”, destacou, ao reduzir a projeção para o dólar no final deste ano de R$ 5,20 para R$ 5.