O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que os Estados Unidos pretendem retirar as forças da Síria “muito em breve” e “deixar outros cuidarem disso”. “Nós estaremos saindo da Síria, muito em breve. Deixe as outras pessoas cuidarem disso”, disse Trump durante um discurso em Ohio. Segundo o Pentágono, cerca de 2 mil soldados norte-americanos estão na Síria.
“Estamos acabando com o ISIS (Daesh). Vamos sair da Síria, muito em breve. Deixe as outras pessoas cuidarem disso agora. Muito em breve, muito em breve, sairemos. Vamos controlar 100 por cento do califado, como eles o chamam, e às vezes se referem à terra. Estamos tomando tudo de volta — rapidamente, rapidamente”, disse Trump para uma multidão que aplaudiu o discurso de modo efusivo.
O presidente norte-americano não deixou claro o que pretendia afirmar ao falar em retomar a terra. Os governos Damasco e Moscou têm constantemente classificado a presença militar dos EUA na Síria de “ilegal”.
Trump não comentou quem seriam os “outros” encarregados da segurança na Síria, mas tanto Rússia quanto Irã têm tropas suficientes no país para apoiar o governo de Bashar Assad. Fontes do governo, falando sob condição de anonimato, disseram que os comentários de Trump refletem discussões internas com assessores, nas quais ele questiona por que as forças dos EUA deveriam permanecer na região.
No entanto, segundo uma fonte da Casa Branca, a estratégia de retirada da Síria não está pronta. Assessores de Segurança Nacional do presidente, segundo outra fonte, explicaram que as forças americanas deveriam ficar na Síria por pelo menos alguns anos para garantir que os ganhos contra os militantes sejam preservados e ter certeza de que o país não se torne uma base iraniana.
Sondagens
Há semanas, ele vem sondando maneiras de concretizar a retirada militar da Síria. Há dois meses, assessores acharam que haviam conseguido convencê-lo da importância de manter os EUA na região para evitar um “vácuo de poder”.
A preocupação dos assessores é que esse vazio dê espaço a outro grupo extremista – partindo do princípio que o EI estaria derrotado – ou ao Irã. Em janeiro, o então secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, fez um discurso ressaltando a “importância vital para os EUA em permanecer na Síria”. No entanto, no meio de fevereiro, Trump já conversava com assessores próximos sobre a retirada americana.
Agora, tanto o Departamento de Estado quanto o Pentágono estão preocupados com a decisão de Trump. Os dois departamentos trabalhavam em um plano para substituir, de forma gradual, as operações militares por uma missão diplomática para iniciar a reconstrução da infraestrutura básica da Síria, como estradas e redes de esgoto destruídas na guerra.
As agências de segurança dos EUA foram pegas de surpresa pelo discurso de Trump em Ohio e tentam entender se a retórica do presidente foi ou não um anúncio formal de mudança na sua política externa. Para obter um esclarecimento, pediram uma resposta do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, mas receberam uma declaração dúbia. “As palavras de Trump falam por si só.”
Funcionários do Departamento de Defesa afirmam que, sem uma diretriz clara, nenhuma ação de retirada das tropas americanas da Síria pode ser realizada. Ainda não está claro como a vontade de Trump pode afetar a sua equipe de Segurança Nacional.
Recentemente, Tillerson e o assessor de Segurança Nacional do presidente, H. R. McMaster – ambos defensores da permanência na Síria –, foram demitidos e substituídos por pessoas com visões mais próximas das de Trump.