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Donald Trump e Elon Musk: os problemas que o político pode causar ao bilionário e vice-versa

A troca de acusações e ameaças sinalizam o fim de uma das amizades políticas mais poderosas do mundo. (Foto: Reprodução)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o dono da Tesla, Elon Musk, brigaram nas redes sociais na quinta-feira (6). A troca de acusações e ameaças sinalizam o fim de uma das amizades políticas mais poderosas do mundo.

A discussão começou sobre o projeto de lei sobre o novo orçamento americano, mas rapidamente escalou para um possível rompimento de parceiras comerciais entre o governo e as empresas de Musk e acusações de envolvimento de Trump com o caso de Epstein, que envolve pedofilia e exploração sexual.

Os dois bilionários possuem forte presença nas redes sociais e seus discursos tendem a repercutir globalmente. Fora da internet, a discussão pode ter consequências importantes. Saiba quais abaixo:

O conflito nas redes sociais entre Trump e Musk fez com que a Tesla perdesse US$ 152,4 bilhões em valor de mercado na quinta-feira, a maior desvalorização que a montadora de veículos elétricos teve na história.

A proximidade dos dois bilionários era vista pelos investidores como uma oportunidade de crescimento para a Tesla. O projeto de carros autônomos da companhia, por exemplo, exige uma mudança na legislação federal dos Estados Unidos e a expectativa era que o governo Trump facilitasse esse processo.

Outro fator que pode complicar os lucros da montadora de carros elétricos seria o possível enfraquecimento da legislação sobre emissões de carbono e combustíveis. A Tesla arrecada centenas de milhões de dólares a cada trimestre com vendas de créditos regulatórios para montadoras rivais que precisam comprá-las para evitar multas por exceder os limites de emissões de escapamento.

Além disso, uma redução do incentivo governamental aos carros elétricos e híbridos teria um impacto direto nas vendas da Tesla, que já estão em queda nos Estados Unidos.

O apoio financeiro de Musk pode ser utilizado contra o atual presidente americano, justo quando Trump briga para aprovar um projeto de lei que concentra boa parte da sua agenda econômica.

O projeto de orçamento proposto por Trump reúne diversos cortes de impostos e programas sociais, como na área da saúde, o chamado Medicaid, e de acesso à alimentação, e destina verbas para as fronteiras. A medida foi aprovada por uma pequena margem na Câmara americano, por 215 votos a 214, e agora tramita no Senado antes de ser votado novamente pelos deputados.

Porém, Musk é contrário ao projeto e chegou a chamá-lo de “abominação repugnante”. Ele afirmou que o projeto de lei adicionaria US$ 2,5 trilhões ao déficit federal e ameaçou demitir políticos “que traíram o povo americano”.

O dono da Tesla foi um grande patrocinador da última campanha eleitoral de Trump, chegando a contribuir com US$ 250 milhões em financiamentos. O empresário de tecnologia também já havia prometido mais US$ 100 milhões para o atual presidente americano.

Nada impede Musk de destinar seus recursos a legisladores contrários à agenda de Trump, convencendo políticos republicanos – do mesmo partido do presidente – a votarem contra o novo orçamento, de olho em possíveis financiamentos para as eleições parlamentares que acontecem em 2026.

Musk também ameaçou desativar “imediatamente” a nave espacial Dragon, que transporta astronautas e suprimentos da NASA para a Estação Espacial Internacional.

A fala gerou forte reação contrária de Stephen K. Bannon, aliado de Trump e um dos principais críticos de Musk, que chegou a sugerir que o presidente “tomasse posse da SpaceX hoje à noite, antes da meia-noite”, por meio de decreto.

Já Trump chegou a dizer que encerraria contratos governamentais com a SpaceX, Tesla e outras empresas de Trump, pois essa seria “a maneira mais fácil de economizar dinheiro em nosso orçamento”. No ano passado, as empresas de Musk receberam a promessa de US$ 3 bilhões em quase 100 contratos com 17 agências governamentais.

Por fim, em meio a inquietação política sobre imigrantes nos Estados Unidos, o conselheiro Bannon pediu por uma “investigação formal sobre status imigratório de Musk, porque tenho a forte convicção de que ele é um estrangeiro ilegal e deve ser deportado do país imediatamente”. Musk nasceu na África do Sul, porém, se tornou um cidadão americano naturalizado em 2002.

Bannon também pediu uma investigação sobre o uso de drogas por Musk e seus esforços para tomar conhecimento sobre informações confidenciais a respeito de planos militares envolvendo a China. As informações são do jornal Valor Econômico.

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