O governo de Donald Trump nos Estados Unidos está considerando uma proposta para impor novas tarifas sobre veículos importados, invocando a lei de segurança nacional que foi usada para impor tarifas sobre alumínio e aço, disseram um funcionário da administração e três funcionários do setor, segundo a agência Reuters.
“Haverá grandes novidades em breve para os nossos trabalhadores do setor automotivo. Depois de muitas décadas perdendo seus empregos para outros países, vocês esperaram o suficiente!” Trump disse em um tuíte. A Reuters confirmou uma notícia do Wall Street Journal de que o governo estava considerando lançar investigação com base na “Seção 232” sobre as importações de automóveis, que poderia ver tarifas de até 25% às importações.
Em uma reunião com fabricantes de automóveis na Casa Branca em 11 de maio, Trump disse às montadoras que planejava impor tarifas de 20% ou 25% em alguns veículos importados, disseram fontes à Reuters, criticando especificamente as montadoras alemãs por importarem um grande número de veículos para os Estados Unidos.
Tarifas elevadas
Trump já questionou as tarifas elevadas da China aos carros importados. Em negociações recentes, o presidente chinês Xi Jinping ofereceu reduzir a 15% a atual taxa de importação de 25%. A Volkswagen vê a medida de Trump como “protecionismo”. “Ninguém se beneficia a longo prazo do protecionismo unilateral”, afirmou um porta-voz do grupo, antes de destacar que “apenas um comércio livre e equitativo garante a prosperidade”.
A VDA, a federação alemã de montadoras de automóveis, também expressou o “temor” sobre as consequências das tarifas neste setor estratégico da economia do país. A BMW, líder no setor de carros de luxo, ressaltou que o “acesso sem barreiras ao mercado é um fator crucial, não apenas para o modelo econômico do grupo, mas também para o crescimento e o emprego no conjunto da economia mundial”.
Em 2017, os veículos representaram 25% das exportações alemãs para os Estados Unidos, quase 29 bilhões de euros e 994 mil unidades vendidas. As tarifas europeias aos carros dos Estados Unidos e dos países de fora da União Europeia (UE) são de 10%. Atualmente, os EUA cobram 2,5% em impostos sobre carros de passeios importados, mas a tarifa chega a 25% em caminhões e picapes, contra 14% em média na UE.
Brasil condenado
O regime Inovar-Auto, que coordenou o setor automotivo no Brasil entre 2013 e 2017, foi condenado pela Organização Mundial do Comércio por vincular desconto no imposto a produtos feitos no Brasil. Atualmente, veículos importados são taxados em 35% para entrar no país, com exceção de elétricos e movidos a hidrogênio, que tiveram alíquota zerada em 2015.
O governo ainda discute um novo plano industrial para o setor, que é chamado de Rota 2030. O programa deveria ter sido anunciado no ano passado, mas até agora não saiu do papel. As fabricantes criticam a ausência de regras claras, o que pode afetar os investimentos.