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“Dormir não é perda de tempo. É investir para desempenhar bem no dia seguinte”

É raro encontrar alguém que já não tenha passado por dificuldades para dormir. (Foto: Reprodução)

É raro encontrar alguém que já não tenha passado por dificuldades para dormir. Ou que, pelo menos, não conheça alguém que enfrenta o problema. O jornal Valor Econômico reuniu a médica Dalva Poyares, professora e especialista em medicina do sono, e Jerome Cadier, CEO da Latam, para trocarem ideias sobre o tema.

Do que um ensina e o outro já experimentou, a atividade física aparece como um dos meios mais eficazes de mitigar os sintomas da privação de sono.

As experiências do executivo que aprendeu a não carregar a agenda de compromissos para a cama e as recomendações da especialista podem inspirar muita gente a encontrar meios de se livrar do pesadelo de noites mal dormidas e alcançar o tão sonhado e merecido descanso. Abaixo os principais tópicos do bate-papo entre Poyares e Cadier.

Há alguns anos, Cadier sentia a necessidade de descansar, mas não conseguia. Deitava, mas ficava olhando para o teto, pensando nas coisas do dia seguinte, do dia anterior, planejando… Por fim, o executivo encontrou uma solução: muita atividade física.

Ele percebeu que não se exercitava o suficiente para o corpo estar tão cansado quanto ele desejava. “Eu precisava deitar na cama absolutamente exausto. Isso faria com que a minha cabeça também desligasse.” A dificuldade para dormir era consequência de que “a cabeça não parava”.

O esporte o ajudou. “Foi, para mim, uma tábua de salvação”, diz. Cadier fez corrida durante muitos anos. “Hoje não faço porque a panturrilha já não consegue mais suportar o choque”, afirma. Ele partiu, então, para outras alternativas: pedala, faz musculação, pilates e yoga.

Para Poyares, o depoimento de Cadier coincide com os resultados de um estudo recente que mostra que a atividade física é “capaz de mitigar os sintomas da privação de sono”. “Além do benefício cardiovascular, que todos conhecem, sabemos agora que isso tem um benefício no humor. Dormir pouco, no longo prazo, leva o organismo a pagar um preço, mental e fisicamente”, diz.

E qual é o melhor horário para fazer atividade física para dormir bem? Poyares diz que depende do organismo. Há pessoas muito matutinas; outras não. “Eu sempre digo que é melhor fazer a qualquer hora do que não fazer.” A médica lembra que terapia e psicoterapia também podem ajudar em momentos de crise, de muito estresse.

De quantas horas de sono um adulto precisa para acordar bem? É possível compensar na noite seguinte horas não dormidas na anterior?

Para Poyares, o importante é ter regularidade. “Nosso organismo é um computador inteligente. Então, você precisa de rotina e regularidade na hora de dormir e de acordar… Respeitar sua fisiologia e se conhecer”, destaca.

Segundo a médica, a maioria dos estudos que abordam as consequências da privação do sono mostra que são necessárias pelo menos seis horas. “E não estou nem dizendo consequências metabólicas, cardiovasculares, e até mesmo abreviar o tempo de vida”, afirma. Segundo ela, se uma pessoa passou três dias de privação de sono, no terceiro o rendimento cai. “Então, não é uma perda de tempo dormir. Ao contrário. É um investimento para que você desempenhe bem no dia seguinte”, diz. “Sono é importante para a cognição, para o funcionamento cerebral.”

A especialista lembra que nosso metabolismo “produz lixo”. Durante o dia, o fígado e o rim dão conta. Já no cérebro, existe um sistema linfático que trabalha “varrendo esse lixo metabólico” durante o sono. Há estudos voltados a essa questão. Cadier tenta dormir cedo durante a semana para manter as energias. Chega a sair mais cedo de jantares para investir no sono. E não consegue compensar noites mal dormidas. Só se sente bem quando volta à rotina.

Os mistérios dos sonhos e as inúmeras interpretações que se fazem em torno deles interferem no sono? Segundo Poyares, além das terapias de psicanálise que se baseiam no conteúdo, os sonhos, a grosso modo, são memórias e vivências. “Sonhar é fisiológico. Agora, acordar muito durante o sonho e ter muito pesadelo, aí já não é normal”, afirma. As informações são do jornal Valor Econômico.

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