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Drogadição e álcool será um dos temas do Congresso de Medicina do Tráfego

11º Congresso Brasileiro sobre acidentes e Medicina de Tráfego

Foto: divulgação/Abramet

Mesas redondas e painéis, com participação de renomados doutores no assunto, estarão debatendo o uso do álcool, avaliação psicológica de candidatos a condutores veiculares, leis, medidas adotadas no País e experiências internacionais relacionadas ao assunto no 1º Congresso Brasileiro Sobre Acidentes e Medicina de Tráfego entre os dias 9 e 13 de setembro, no Wish Serrano Resort, em Gramado.

Em nosso País não existem, infelizmente, muitos dados mensuráveis a respeito do número de acidentes de trânsito em função do uso de álcool, droga e transtornos psiquiátricos causados por essas substâncias nos condutores, causando acidentes que, muitas vezes, levam a morte ou deixam sequelas para o resta da vida, nos próprios condutores e em pessoas que acabam sendo envolvidas nestes episódios.

A cocaína é o novo “rebite” dos caminhoneiros, segundo pesquisa divulgada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em 2009, aponta que a droga vem sendo usada no lugar das anfetaminas para manter os motoristas acordados por mais tempo. Entre os entrevistados, o consumo foi até quatro vezes maior do que o identificado na população brasileira.

O levantamento ouviu aleatoriamente 308 motoristas que circulavam por quatro rodovias federais no Rio e São Paulo e constatou que 3,5% deles haviam usado cocaína. A urina foi analisada e os dados mais alarmantes foram encontrados na Fernão Dias, região de Atibaia, interior de São Paulo: 4,5% dos caminhoneiros abordados haviam consumido a droga. A pesquisa aponta que a cocaína tem sido o novo “rebite” dos camionheiros, para se mantenham acordados por mais tempo, substituindo as anfetaminas, que também ainda são usadas. O mesmo estudo diz que os camionheiros usam 4 vezes mais drogas que o identificado na população em geral. A cocaína e a anfetamina atuam no sistema nervoso central, alterando a percepção do motorista, reduzindo a atenção e os reflexos.

Acidentes de trânsito são o segundo maior problema de saúde pública no Brasil e só perdem para a desnutrição segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Respondem por um custo anual de 24,6 bilhões de reais ao País conforme estudo do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

Caminhoneiros estão envolvidos em 2% dos acidentes mas representam cerca de 7,2% dos acidentes fatais

Inúmeras são as evidências também que revelam os altos custos sociais e econômicos gerados pelo consumo indevido de bebidas alcoólicas por condutores de veículos, com danos causados à saúde individual e coletiva, do alto número de acidentes e um elevado número de mortes.

Para Flávio Pechansky, pesquisador do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Trânsito e Álcool da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e painelista do Congresso sobre acidentes e medicina de tráfego, “o consumo de cocaína entre caminhoneiros é gravíssimo porque eles passam 70% do tempo nas estradas e fazem coisas que jamais fariam se estivessem sóbrios, pois agem impulsivamente e tem muito mais chances de causar acidentes”.

A Lei Seca prevê as mesmas punições para o motorista que dirigir embriagado ou sob o efeito de substâncias psicoativas, como a cocaína, mas o bafômetro não tem como detectar a incidência da droga no organismo.

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