Circula no Facebook uma postagem com a alegação falsa de que o governo da Argentina bloqueou todas as contas bancárias dos cidadãos e que, por este motivo, o país estaria implementando um regime socialista. Na verdade, segundo a imprensa local, algumas contas digitais foram bloqueadas em julho de 2020 devido a “movimentações não habituais”.
O boato começou a circular no ano passado, quando o peso (a moeda oficial da Argentina) estava desvalorizado. A iniciativa de checagem do jornal Observador, de Portugal, mostrou na época que em agosto um dólar equivalia a 72,45 pesos argentinos.
Por essa instabilidade financeira ser recorrente, cidadãos convertem o que ganham em dólares. Em 2019, o banco central da Argentina anunciou medidas para preservar as reservas do país. Uma delas foi limitar a compra de moeda estrangeira, fazendo com que cada pessoa adquirisse no máximo US$ 200 por mês permitidos por lei.
Mesmo com essa decisão, os bancos notaram atividades suspeitas ligadas a compra de dólares em nome de terceiros. De acordo com o jornal argentino Ámbito, correntistas usavam a cota de compra de dólares de outras pessoas em troca de uma comissão para aumentar os seus estoques e exceder o limite de US$ 200. Sendo assim, as instituições financeiras bloquearam as contas para não efetuarem o câmbio do peso para o dólar desses clientes até que as operações identificadas como suspeitas fossem justificadas.
Outro detalhe que mostra que a publicação no Facebook traz uma informação duvidosa é a ausência de fontes e dados confiáveis que comprovem como e quando houve o bloqueio das contas bancárias. A presença de erros na escrita e a tentativa de provocar uma briga política nas redes sociais também mostram como o post apresenta características de fake news.
Este boato foi desmentido pelo serviço Estadão Verifica e também foi checado por Boatos.com e Observador. Segundo a publicação, “este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.