Pessoas estão compartilhando nas redes sociais que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux disse que daria sua palavra de que o ex-presidente Jair Bolsonaro “será solto e irá concorrer à Presidência” da República.
Segundo o Estadão Verifica (serviço de checagem de informação do jornal O Estado de S. Paulo), o conteúdo é falso. O conteúdo foi gerado com o uso de inteligência artificial. Apesar de ter dado um voto divergente no julgamento da trama golpista, não há registro de que Fux tenha afirmado que Bolsonaro será solto e que será candidato à Presidência.
Saiba mais: O ministro do STF Luiz Fux foi o único dos magistrados da Primeira Turma – responsável pelo julgamento da trama golpista – a votar contra a condenação dos réus. Em um voto de 13 horas de duração, ele argumentou que o STF não tinha competência para julgar Bolsonaro e defendeu a nulidade de todas os atos do processo, o que resultaria na absolvição do ex-presidente.
Desde que o voto foi proferido, em 10 de setembro, apoiadores do ex-presidente vêm espalhando desinformação usando o nome do ministro. O vídeo atual, que circula no Facebook, acumula 242,5 mil visualizações na rede social.
Inteligência artificial
O conteúdo que circula entre apoiadores do ex-presidente usa IA para clonar a voz de Fux e sincronizar o movimento dos lábios dele com a fala. A declaração, contudo, é falsa e não foi encontrada em nenhuma fonte confiável.
Segundo o vídeo, Fux teria dito: “O Bolsonaro será solto e vai concorrer à Presidência. Eu dou minha palavra como ministro do STF. Se você apoia o Bolsonaro e quer ver ele solto, comente de onde está assistindo e clique em todos os botões ao lado”.
Esta é uma tática que vem sendo usada nas redes sociais em conteúdos com teor político: um vídeo mostra imagens de uma personalidade da política, cultura ou esporte, mas clona a voz da pessoa para simular apoio a um determinado grupo partidário. Em seguida, a mesma voz pede para clicar nos “botões ao lado”, ou seja, para curtir, comentar e salvar o post. Isto aumenta o engajamento e o alcance da publicação.
É possível identificar que o vídeo foi feito com IA por conta de diferentes características. Primeiramente, a fala do ministro não tem um tom natural: ele fala sem pausas. Também causa estranheza o fato de Fux pedir para que o espectador faça comentários no vídeo. Outro ponto de atenção é que as roupas do magistrado parecem ser as mesmas do voto dele no julgamento da trama golpista, em 9 de setembro.
O Estadão Verifica submeteu o conteúdo à ferramenta Hiya, do InVID, que detectou clonagem de voz em 98% da fala. Um conteúdo é geralmente considerado criado com IA quando a detecção é superior a 70%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
