O ex-ministro José Dirceu afirmou ao jornal El País que é uma questão de tempo para que o PT retome o poder. Questionado se existe a possibilidade de o partido ganhar a eleição e não levar, ele afirmou considerar improvável. A entrevista foi publicada na quarta-feira (26).
“Acho improvável que o Brasil caminhará para um desastre total. Na comunidade internacional, isso não vai ser aceito. E dentro do país é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”, disse
Dirceu também afirmou que não acredita que Jair Bolsonaro (PSL) terá apoio da população para ganhar as eleições e afirmou que o candidato é uma versão piorada de Michel Temer (MDB), que, segundo ele, governa o país de forma irresponsável.
“Bolsonaro é o Temer mais a regressão de comportamento cultural e o autoritarismo não democrático. O governo do Bolsonaro com Paulo Guedes vai ser um arrasa quarteirão. Mas isso não dá certo em lugar nenhum”, declarou, citando como exemplo a situação na Argentina.
Solto desde junho pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Dirceu tem duas condenações em segunda instância que juntas somam mais de 39 anos de pena.
Recurso
O TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, julgou na tarde de quarta-feira (26) o recurso de apelação criminal do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu de Oliveira e Silva em um processo penal no qual ele havia sido condenado em primeira instância no âmbito das investigações da Operação Lava-Jato. A condenação de Dirceu pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro diminuiu, passando de 11 anos e três meses para 8 anos, 10 meses e 28 dias de reclusão. Esta é a segunda apelação criminal envolvendo Dirceu julgada pelo TRF-4.
O relator dos processos relativos à Lava-Jato no tribunal, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, manteve a condenação de Dirceu pelos mesmos crimes, mas reduziu o tempo de reclusão por questões pontuais da dosimetria da pena.
Pelo voto do magistrado não foram aplicadas circunstâncias majorantes do Código Penal como quando o funcionário público praticante de crimes contra a Administração ocupa cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento em empresa pública. Além disso, Gebran considerou a incidência de atenuantes, como a idade avançada do réu, já que Dirceu possui, atualmente, 72 anos de idade.