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Eduardo Bolsonaro planeja ir à Europa propor punições ao ministro Alexandre de Moares após sanções dos Estados Unidos

Deputado e Paulo Figueiredo planejam viagem a países em articulação semelhante à que fizeram com Trump. (Foto: Repodução)

Após articularem retaliações dos Estados Unidos ao Brasil, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo planejam uma ofensiva na Europa para buscar novas sanções ao ministro Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Segundo Figueiredo, a ideia é viajar em setembro em um roteiro que incluiria Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia e Hungria. De acordo com ele, nem todos os países precisam ser visitados na mesma viagem, mas o movimento para apontar o que a dupla vê como condutas excessivas de Moraes passaria por todos estes.

“Pretendemos ir ao Parlamento Europeu e intensificar a pressão internacional”, disse Figueiredo à Folha de S. Paulo.

O filho Zero-Três de Jair Bolsonaro pretende viajar, mas tem dito que teme decisões do ministro do Supremo que possam prendê-lo.

“Pretendo viajar à Europa, ir ao Parlamento europeu. Já tenho um convite feito pelo parlamentar polonês. Só tenho que me assegurar que não serei mais uma vítima do Moraes e fazer as gestões para descobrir se a Interpol está ou não pedindo a minha prisão”, afirmou Eduardo nesta terça (5) em entrevista ao portal Metrópoles.

A dupla quer pedir sanções semelhantes às aplicadas pelos EUA a Moraes, alegando que ele também atingiu cidadãos europeus. O tenente-coronel Mauro Cid, que fez uma delação premiada na investigação sobre a trama golpista, tem cidadania portuguesa.

O próprio Figueiredo, que é investigado no caso e teve seu passaporte suspenso pelo STF, também tem cidadania portuguesa.

Antes mesmo de os bolsonaristas embarcarem para a Europa, um grupo de parlamentares de direita e extrema direita já tem se movimentando mirando o magistrado do Supremo.

Na última semana, deputados direitistas do Parlamento Europeu pediram à alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, sanções do bloco contra Moraes e aliados pelo que afirmam ser violações aos direitos humanos e aos princípios democráticos.

Os parlamentares integram o ECR (Reformistas e Conservadores Europeus) e o Patriotas Pela Europa, que têm membros de vários países. O documento é assinado pelo polonês Dominik Tarczynski, membro do Parlamento Europeu, e subscrito por outros 15 parlamentares.

Entre as sanções pedidas estão congelamento de ativos e proibições de viagens contra Moraes e “ministros cúmplices” do STF.

O grupo também afirma que Moraes está julgando a partir de acusações sem fundamento o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem se referem como “grande inimigo político” do ministro.

O ministro foi alvo dos Estados Unidos em duas frentes: em uma, teve proibida a entrada no país por meio de decisão do Departamento de Estado e, em outra, foi sancionado pela Lei Magnistky.

A norma é usada para punir quem comete graves violações de direitos humanos e já foi usada contra ditadores no passado.

O secretário de Estado, Marco Rubio, afirma que Moraes cometeu abusos ao autorizar detenções preventivas injustas e ao tomar decisões que, segundo ele, minam a liberdade de expressão.

A Lei Magnistky prevê que pode ser incluído no rol de sancionados quem colaborar com as condutas condenadas pelos EUA.

A pessoa punida recebe uma sanção da Ofac, Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, que pertence ao Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

Por meio da decisão, o governo americano determina o congelamento de qualquer bem ou ativo que a pessoa sancionada tenha nos Estados Unidos e também pode proibir entidades financeiras americanas de fazerem operações em dólares com ela.

A União Europeia não é signatária da Lei Magnistky, mas tem mecanismos de sanções semelhantes à norma.

Por ora, Figueiredo e Eduardo dizem que estão trabalhando junto ao governo dos EUA para que nenhum magistrado seja punido por enquanto. O plano era aguardar a repercussão das retaliações americanas ao Brasil na classe política e medir o avanço de medidas, como a anistia a bolsonaristas.

A ideia é também ver se os demais ministros da corte vão respaldar as decisões de Moraes.

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