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Efeito da Operação Lava-Jato esvazia o mercado de luxo no Rio de Janeiro. A clientela fiel e que pagava em dinheiro quase não é mais vista em lojas e restaurantes da cidade

O prato preferido de Cabral em restaurante de luxo era arroz de pato. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

Nos bastidores dos mais finos restaurantes, salões e lojas da cidade, o assunto do momento é o sumiço de parte da clientela. Está todo mundo sofrendo com a crise financeira e a falta de segurança no Rio de Janeiro, mas, nesses estabelecimentos considerados top (e caros), há mais um vilão: os escândalos políticos.

Citados ou não pela Operação Lava-Jato, engravatados de Brasília e do Rio que circulavam com desenvoltura por casas como Antiquarius, Laguiole, Gero e Satyricon desapareceram quase que por completo. Reuniões, conspirações e papos ao pé do ouvido, vistos em mesas de endereços nobres, foram virando cenas cada vez mais raras, até que a prisão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) afastou quase todos.

As denúncias envolvendo o presidente Michel Temer foram a pá de cal. No Antiquarius, a queda no movimento é de mais de 20%. Um funcionário conta que as pessoas estão com medo de sair à noite no Rio, e que isso influencia, mas lamenta também a ausência dos políticos. Vizinho da casa de Cabral no Leblon, o restaurante sofreu um baque com a prisão de seu cliente habitué. O prato preferido de Cabral é arroz de pato (115 reais, que serve mais de um), coincidentemente o mesmo do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves. “Os políticos que frequentavam estão presos ou recuados. Tudo piorou quando levaram o Cabral. O Pezão (Luiz Fernando Pezão, governador) mesmo, que vinha sempre, não aparece mais”, conta um funcionário.

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