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Egito promete ajudar na retirada de 28 brasileiros da Faixa de Gaza; embaixador relata dificuldades na negociação

Nota do Itamaraty reforçou críticas ao deslocamento forçado de palestinos. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversou por telefone com o chanceler do Egito, Sameh Shoukry, em busca de apoio do país na retirada dos brasileiros que estão na Faixa de Gaza – território do Oriente Médio governado pelo grupo terrorista Hamas.

A principal alternativa em estudo até o momento envolve o posto de Rafah, na fronteira entre Gaza e Egito, hoje fechado em razão dos bombardeios. O Egito é um dos únicos dois países que fazem fronteira terrestre com a Faixa de Gaza. O outro é Israel, que, desde o último sábado (11), trava um novo capítulo da guerra contra o Hamas.

“Creio que será a saída para evacuar os brasileiros que se encontram nessa região conflagrada e correndo risco. Dessa forma, estarão sãos e salvos no território egípcio. Estamos trabalhando, portanto, para conseguir informar ao governo egípcio da documentação e do horário, dia e horário em que o ônibus passaria”, afirmou o ministro Mauro Vieira.

De acordo com o Itamaraty, o Egito se comprometeu a ajudar o Brasil na operação – mas destacou que ainda é preciso haver coordenação com todos os governos envolvidos, incluindo o Hamas.

Internamente, no campo da diplomacia, o governo brasileiro celebrou mais um passo para a retirada dos brasileiros de Gaza. O Egito já havia dado indicativos de ajuda, mas a ligação entre os dois chanceleres marcou a posição dos países na questão.

De acordo com o diretor do Departamento Consular do Itamaraty, Aloysio Mares Dia Gomide Filho, servidores do escritório de representação do Itamaraty em Ramala, na Palestina, já estão em contato com os brasileiros e também já contrataram ônibus para transportar o grupo até o Egito tão logo o governo egípcio autorize o ingresso dos brasileiros no país. “Isso já está sendo organizado e, diante do atual cenário, apesar dos riscos, este é o plano principal. Claro que qualquer outra possibilidade mais segura que surgir ao longo do tempo será avaliada”, afirmou.

Já o embaixador brasileiro na Palestina, Alessandro Candeas, citou nessa quarta-feira (11) dificuldades na negociação com o Egito para a retirada de brasileiros que estão na Faixa de Gaza.

A região tem sido alvo de bombardeios de Israel desde o fim de semana, após o grupo terrorista Hamas ter efetuado ataques em território israelense.

De acordo com o embaixador, 28 brasileiros em Gaza pediram ajuda para voltar para o Brasil. Esse número era de 30 nesta terça, mas dois desistiram. Desses 28, 15 são crianças.

O plano do governo é conduzir os brasileiros para fora de Gaza por meio da fronteira com o Egito. O caminho levaria até a capital, Cairo, onde um avião estaria esperando os passageiros.

No entanto, segundo Candeas, o Egito está impondo dificuldades. Aquele país receia que os brasileiros acabem se tornando refugiados em seu território.

“Provavelmente, essa é a dificuldade que eles [Egito] estão oferecendo, apresentando, para não responder ao nosso pedido de passagem”, afirmou o embaixador.

“Só que uma coisa é passagem. Os nossos brasileiros não vão se transformar em imigrantes, nem refugiados. Nós vamos passar com eles pela fronteira, levar um avião. O avião vai resgatá-los e vai tirar do Egito. Então, não. Essa preocupação deles [Egito] não procede”, continuou.

O planejamento do governo é conduzir os brasileiros em ônibus pelo território do Egito. Os veículos serão identificados com a bandeira do Brasil, para evitar ataques.

Destes brasileiros na Faixa de Gaza, um grupo de 13 pessoas está alojado em uma escola católica da região, enquanto aguarda o retorno para o Brasil. Os outros 15 brasileiros preferiram aguardar em suas casas.

A data de saída dos brasileiros segue incerta, mas o embaixador Alessandro Candeas afirmou que a maior parte dos preparativos já foi feita. “A logística está toda pronta. Estamos com dois ônibus alugados, com os pontos de encontro definidos. Tudo definido, apenas aguardando duas coisas: a autorização do Egito para cruzar a fronteira e que a própria fronteira esteja aberta. Ela foi bombardeada três vezes”, disse. As informações são do portal de notícias G1, da Agência Brasil e do jornal O Globo.

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