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Em delação premiada, executivos da empreiteira OAS revelaram um total de 125 milhões de reais em propinas para 21 políticos de oito partidos

Ex-presidente da Câmara dos Deputados está preso desde outubro de 2016 em Curitiba por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Executivos da empreiteira OAS contaram em depoimentos prestados em razão de acordo de delação premiada que pagaram R$ 125 milhões em propina e caixa dois para 21 políticos de oito partidos. A delação os executivos foi homologada em julho do ano passado pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal). O conteúdo da delação permanece em sigilo na Corte.

A revelação foi feita por oito ex-funcionários que atuavam na “controladoria de projetos estruturados”, que funcionava como um departamento específico de contabilidade para gerir o pagamento de propina. Em um relatório de 73 páginas da PGR (Procuradoria-Geral da República), a titular Raquel Dodge resume as revelações dos ex-executivos, contidas em 217 depoimentos, e pede providências a Fachin.

Esta é a primeira vez que ex-funcionários da construtora revelam em delação as propinas pagas pela empreiteira e como a empresa operava para conseguir obras. O esquema ilegal da construtora envolvia o superfaturamento de grandes obras como estádios da Copa do Mundo de 2014 e a transposição do rio São Francisco, com possível repasse de parte desses recursos a políticos citados na colaboração.

Nomes citados

– Aécio Neves (PSDB-MG): deputado e ex-senador: acusado de receber caixa dois de R$ 1,2 milhão na campanha de 2014 por meio de contrato fictício e pagamento em vantagem indevida de R$ 3 milhões via doações oficiais em 2014. Aécio Neves negou irregularidades e declarou que as doações feitas à campanha do PSDB em 2014 estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral.

– Edison Lobão (MDB-MA): ex-senador, teria recebido propina de R$ 2 milhões por obras na usina em Belo Monte. A defesa de Edison Lobão disse que as delações fazem citação desprovida de provas e de qualquer outro tipo de indício. Afirmou, ainda, que acredita que o STF vai determinar o arquivamento deste processo como fez com outro que também citava Lobão e foi arquivado esta semana.

– Eduardo Cunha (MDB-RJ): ex-deputado e preso pela Lava-Jato, é acusado de receber propina de mais de R$ 29 milhões referente a percentual de obras da OAS. “Essa acusação se trata de fatos requentados e já apurados na operação Sepsis, onde Eduardo Cunha se defende e provará sua inocência”, informou a assessoria do ex-deputado.

– Eduardo Paes (DEM-RJ): ex-prefeito do Rio de Janeiro, teria recebido R$ 25 milhões para sua campanha eleitoral de 2012, por meio de caixa 2.

– Eunício Oliveira (MDB-CE): ex-senador, é acusado de receber caixa dois de R$ 2 milhões para sua campanha ao governo do Ceará em 2014.

– Flexa Ribeiro (PSDB-PA): ex-senador, teria recebido, via caixa 2, R$ 150 mil para sua campanha eleitoral ao Senado em 2010.

– Geddel Vieira Lima (PSDB): ex-ministro e atualmente preso, é acusado de fechar contrato fictício de R$ 30 mil com empresa de publicidade para manutenção do site do político. Até a última atualização desta reportagem, ainda não havia resposta da assessoria.

– Índio da Costa (PSD-RJ): deputado, teria recebido repasses de valores espúrios de R$ 1 milhão para a campanha de 2010.

– Jacques Wagner (PT-BA): ex-governador e atual senador, é acusado de receber propina de R$ 1 milhão via contrato fictício e repasses de caixa dois.

– Sérgio Gabrielli: ex-presidente da Petrobras, teria recebido mesada de R$ 10 mil durante o ano de 2013.

– José Serra (PSDB-SP): ex-governador e senador, é acusado de receber R$ 1 milhão via ex-tesoureiro, em caixa 2.

– Marco Maia (PT-RS): ex-presidente da Câmara, teria recebido R$ 1 milhão, por caixa 2, na campanha eleitoral de 2014.

– Marcelo Nilo (PSB-BA): deputado, é acusado de receber propina de R$ 400 mil em 2012 e repasses em 2013.

– Nelson Pellegrino (PT-BA): deputado, teria recebido de R$ 1 milhão em campanha da Prefeitura de Salvador em 2012.

– Rodrigo Maia (DEM-RJ): presidente da Câmara, é acusado de receber caixa dois de R$ 50 mil em campanha à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012.

– Rosalba Ciarlini (PP-RN): ex-governadora, teria recebido R$ 16 milhões da obra da Arena das Dunas, em Natal (RN), via caixa 2.

– Sérgio Cabral (MDB-RJ): ex-governador, é acusado de receber caixa 2 de R$ 10 milhões, em sua campanha ao governo do Rio de Janeiro em 2010.

– Valdemar Costa Neto (PR-SP): ex-deputado, teria recebido propina de R$ 700 mil nas obras da ferrovia Oeste-Leste.

– Vital do Rêgo: ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), é acusado de receber propina de R$ 3 milhões, à campanha eleitoral de 2014 em troca da blindagem da OAS na CPI mista da Petrobras.

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