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Em depoimento à Justiça, mãe do menino Rafael, de 11 anos, morto no interior do Estado, apresenta outra versão e nega ter matado o filho

Garoto de 11 anos foi assassinado por estrangulamento após ser dopado com calmante. (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

Foram encerradas, nessa sexta-feira (18), as audiências de instrução, fase em que são ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa, do caso do menino Rafael Mateus Winques, morto aos 11 anos. Esta etapa é finalizada com o depoimento do réu, no caso, a mãe da vítima, Alexandra. Ela, que no início das investigações, assumiu a autoria do crime, mudou a sua versão dos fatos e, agora, acusa o pai da criança.

Ela foi interrogada após a fala da última testemunha arrolada, o médico-legista Roberto Pontes dos Santos.

De acordo com informações publicadas no Twitter do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, “Alexandra voltou a acusar o pai de Rafael, Rodrigo Winques, pelo homicídio. Disse que na madrugada da morte, Rodrigo chegou armado na casa dela por volta das 3h acompanhado de um homem. Quando Rafael foi dar um abraço, Rodrigo insistiu que fossem ao carro. Havia outra pessoa ainda. Rodrigo perguntou se Delair [namorado de Alexandre] estava na casa”. Essa versão, segundo os promotores Michele Taís Dumke Kufner e Diogo Gomes Taborda, é completamente inverossímil. “Temos convicção que ela matou o filho”, concluíram.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul participou das audiências de instrução e julgamento do caso. No total, foram 37 horas de audiências realizadas em sete dias. Vinte quatro pessoas foram ouvidas entre 9 de dezembro e essa sexta.

“Se tudo transcorrer dentro da normalidade, com a juíza entendendo que existem os elementos que justifiquem a pronúncia, esperamos que Alexandra vá a julgamento ainda no ano de 2021”, projetam os promotores.

Alexandra tornou-se ré em julho deste ano após ter sido denunciada pela promotora Michele por homicídio doloso quadruplamente qualificado cometido contra seu filho.

Caso

Em maio deste ano, em meio a versões que foram sendo modificadas nas semanas posteriores ao crime, a mãe de Rafael chegou a assumir ter matado o filho e ocultado o corpo. Ela alegou que o incidente envolveu uma overdose acidental, devido a ingestão de dois comprimidos do calmante Diazepam que forneceu ao menino para que ele dormisse, já que permanecia jogando “games” até altas horas da noite.

Ao constatar que Rafael estava sem vida, a mãe teria entrado em pânico e decidido arrastar o cadáver, com uma corda amarrada ao pescoço, até uma casa ao lado, cujos moradores estavam fora da cidade. No dia seguinte, procurou a polícia para uma falsa comunicação de desaparecimento.

Buscas foram realizadas durante mais de uma semana, com o auxílio da comunidade, até os investigadores notarem contradições na fala da mãe. Confrontada, acabou confessando o crime em 25 de maio, dez dias depois. A necropsia apontou como causa da morte asfixia mecânica por estrangulamento e ela acabou indiciada por homicídio qualificado (motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa), ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual.

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