A situação das estradas brasileiras poderá comprometer o crescimento da economia nos próximos anos. A advertência é da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que divulga nesta quarta-feira (18), o novo Anuário do Transporte.
A vias pavimentadas também permaneceram praticamente estagnadas, saindo de 212,4 mil quilômetros para 213,4 mil entre 2009 e 2019.
Segundo o diretor executivo da entidade, Bruno Batista, não há risco de apagão porque o transporte rodoviário “não trava”. Mas, com o aumento da movimentação de cargas nas rodovias e de veículos leves, decorrente da retomada da atividade econômica, os custos do transporte vão subir e impactar o preço dos produtos.
“Os trajetos se tornarão mais demorado, as saídas das grandes cidades caóticas. Isso sem contar no aumento do gasto com manutenção e peças de veículos e risco maior de acidentes”, destacou.
O quadro reflete a queda dos investimentos público nas estradas. A fatia do orçamento da União para o setor vem caindo ano a ano, desde 2014. A verba reservada para as estradas neste ano foi de R$ 9,5 bilhões e para 2020, será de apenas R$ 5,29 bilhões, a menor dos últimos 16 anos, segundo a CNT.
Batista mencionou que a piora nas condições nas rodovias já pôde ser constatada na pesquisa da CNT divulgada em outubro: neste ano, 59% das estradas foram avaliadas como regulares, ruins e péssimas, contra 57% em 2018. A situação do asfalto, a sinalização das via e geometria (acostamento, faixas, dentre outros) também ganharam notas ruins.
Ao ser indagado sobre as propagandas do governo federal, patrocinadas pelo Ministério de Infraestrutura, sobre melhorias nas estradas, respondeu que acha válido inaugurar alguns trechos novos. Mas que há um desafio enorme pelo frente, diante da escassez dos recursos orçamentários. As concessões para o setor privado são fundamentais diante do cobertor curto, disse. No entanto, é preciso ir além.
“Melhorar a sinalização das vias, por exemplo, não exige investimento pesado”, disse Batista.
Ele destacou que os investidores focam nos trechos mais lucrativos e já recebem uma infraestrutura pronta. Além disso, há concessões feitas no passado com contratos problemáticos, depois do envolvimento das empreiteiras na Lava-Jato.
Na avaliação da CNT, o governo precisa aprimorar a modelagem nos novos leilões e adotar mecanismos, via Parceria Público Privadas (PPs) para fazer com que o asfalto chegue à maior parte da malha. A estimativa da entidade é que são necessários R$ 38,6 bilhões só para recuperar as estradas do País.
O anuário revela ainda que a frota de motocicletas foi a que mais cresceu no País, saindo de 22,3 milhões em 2018 para 22,9 milhões neste ano. A frota de automóvel atingiu 56 milhões; de caminhão, 2,88 milhões e de ônibus, de 640 mil.
Apesar do crescimento da frota, o levantamento aponta que o licenciamento de veículos novos caiu entre 2018 e 2019, de 3,7 milhões para 2,6 milhões. Para a CNT, a queda pode estar ligada à frustração da retomada da atividade econômica este 2019, que começou a ocorrer com mais força a partir do terceiro trimestre.
