Executivos da Odebrecht relataram na negociação de suas delações premiadas que a empreiteira pagou despesas pessoais da presidenta afastada Dilma Rousseff. Entre as despesas está o cachê do cabeleireiro Celso Kamura. Dilma reagiu dizendo que as informações são “descabidas”.
Investigadores da Operação Lava-Jato tratam com cautela a informação, porque não há certeza de que a construtora vai incluir ou detalhar a informação nas próximas fases do processo de colaboração. Na negociação, os diretores da Odebrecht afirmaram que valores relacionados à imagem da presidenta foram repassados ao marqueteiro João Santana, que se responsabilizou pelo pagamento dos profissionais e serviços contratados.
Mônica Moura, mulher de João Santana, já afirmou nas negociações de sua delação premiada que o casal recebeu pagamentos da Odebrecht por caixa dois. Para integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, no entanto, mesmo que a Odebrecht inclua a informação nas próximas fases da delação, serão necessários mais elementos para que seja possível abrir inquérito para investigar o favorecimento pessoal de Dilma.
Mais elementos
Uma das possibilidades cogitadas é a delação de João Santana e de Mônica Moura. Caso os dois confirmem o caso ou surjam novos documentos que comprovem o que foi dito pela Odebrecht, a investigação poderá avançar. “Criminalmente, é necessário que haja mais elementos para que seja aberto um inquérito”, explicou um investigador com acesso à negociação com a Odebrecht. Atualmente, os 50 executivos que se propuseram a fazer a delação estão na fase de negociação. A próxima etapa será a entrega dos anexos da colaboração. (AG)
Dilma diz ter comprovantes de pagamentos a cabeleireiro
A presidenta afastada Dilma Rousseff negou, em nota divulgada no Facebook, que tenha pago despesas pessoais com dinheiro desviado da Petrobras ou que soubesse de esquemas de corrupção na estatal. De acordo com a assessoria, o cabeleireiro Celso Kamura foi contratado diversas vezes desde a campanha presidencial de 2010, com verba da produtora e também com dinheiro da então presidente para serviços particulares.
“Celso Kamura foi contratado pela própria presidenta para serviços particulares, sendo remunerado pessoalmente por ela. Estão em poder da presidenta os comprovantes de pagamento devido aos deslocamentos e aos serviços prestados por Celso Kamura.” A nota diz ainda que a contratação de Kamura, em 2010, aconteceu quatro anos após a compra de Pasadena. (AG)
