Em uma noite chuvosa, cerca de 30 mulheres, a maioria vestindo saltos altos, reuniram-se em Midtown Manhattan (EUA) para aprender golpes e chutes ferozes. A professora responsável pela aula é Avital Zeisler, uma ex-bailarina de 26 anos.
Avital é especialista em combate corpo a corpo e tem treinado militares das Forças Armadas, além de atrizes como Keri Russell, Megan Boone e Amanda Seyfried. Ela ensina as mulheres a se protegerem, não importa o que estão usando em seus corpos – ou pés. E assim o workshop, para o qual ela cobra até 80 dólares por participante, é um sucesso. “O objetivo é perturbar o raciocínio do opositor”, explica.
Mas ela não é a primeira nem a única a ensinar técnicas de defesa pessoal para mulheres usando um salto alto. O site Howcast tem postado vídeos sobre o tema. Em um deles, Jennifer Cassetta, 39, uma personal trainer que atua em Los Angeles (EUA) e que é faixa preta em Aikidô, ensina algumas técnicas. “As mulheres se sentem muito capazes usando saltos”, disse Jennifer, que trabalha com autodefesa desde 2007. “Eu amo os saltos. Adoro a maneira como eles realçam as pernas. Mas a maioria das mulheres mal consegue andar neles, muito menos correr. Se você não pode fugir, é melhor saber como reagir a um ataque com ele. Você tem de estar preparado em todos os momentos, não importa o que você está vestindo”, orienta.
Arma letal.
Embora se saiba que os sapatos podem ser armas letais – no ano passado, Ana Trujillo do Texas (EUA) foi condenada à prisão perpétua por esfaquear o namorado dela até a morte com um salto agulha de 15 centímetros –, eles nem sempre são facilmente acessíveis quando estão nos pés. E acabam com uma das melhores melhores estratégias de autodefesa: a fuga.
Mas, apesar das advertências sobre os perigos de saltos, e os estragos que podem causar nas costas e tornozelos – “malhar de salto é ruim para a panturrilha e pode causar tendinite”, explica o ortopedista Rob Cornennello –, é improvável que as mulheres urbanas vão parar de usá-los. Por isso, um pouco de preocupação com a segurança não faz mal.
Depois de ser abusada sexualmente pelo namorado, aos 19 anos, Avital viajou para Israel para estudar Krav Magá, um forma de defesa pessoal. Em 2013, ela criou e começou a ensinar o método Soteria (nome grego para a deusa da Segurança), que inclui defesa pessoal e fitness. Ela define defesa pessoal como a habilidade para criar, viver e proteger a vida de quem você ama. E argumenta que as mulheres não devem alterar sua aparência física ou “comprometer a feminilidade” para garantir sua proteção. “Quando ensino defesa pessoal, quero ter certeza que é algo autêntico para as mulheres”, conta Avital, que já escreveu um livro sobre o tema, “Weapons of Fitness”.