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Em tempos de crise climática, informação também é ferramenta de transformação

Luciana Abade, da coordenação da COP30, esteve em Porto Alegre e destacou a importância da participação cidadã no processo climático rumo a Belém.

Faltando apenas 30 dias para a COP30, o Brasil começa a sentir o peso e a oportunidade de sediar a principal conferência climática do mundo, que acontece em novembro, em Belém do Pará. Na última semana, Porto Alegre recebeu um sinal claro de que os preparativos vão além das obras e da logística: passam por diálogo, mobilização e escuta. A coordenadora da COP30, Luciana Abade, esteve presente na 12ª Reunião do Fórum Gaúcho de Mudanças Climáticas e reforçou dois pontos fundamentais para a construção da conferência: as cartas da presidência e o chamado ao mutirão pelo clima.

O que são as Cartas da Presidência da COP30?

As cartas da presidência são comunicados públicos assinados por André Corrêa do Lago, diplomata brasileiro que preside a COP30. Essas cartas funcionam como orientações políticas e diplomáticas, oferecendo diretrizes sobre os temas centrais da conferência — como transição energética justa, justiça climática, financiamento climático e bioeconomia. Elas não são documentos burocráticos: são instrumentos de diálogo com a sociedade global, que permitem entender as intenções, prioridades e caminhos que o Brasil quer trilhar durante a COP.

O que é o “mutirão pelo clima”?

Luciana Abade destacou em sua fala a importância do chamado ao mutirão global pelo clima, proposto por Corrêa do Lago na 2ª carta da presidência. A proposta é simples, mas poderosa: mobilizar todos os setores da sociedade — governos subnacionais, empresas, movimentos sociais, universidades, comunidades e cidadãos — a contribuírem com ideias, projetos e ações pela causa climática.

É um convite à ação descentralizada, para que a transformação aconteça de forma horizontal, coletiva e acessível. Não se trata apenas de acompanhar a COP30 como espectadores, mas de participar como atores do processo climático.

Como acessar as cartas e participar?

As cartas estão disponíveis gratuitamente no site oficial da COP30 (www.cop30.br), na seção “Cartas da Presidência”. Qualquer pessoa pode baixar, ler, discutir e usar os textos como base para reflexões, rodas de conversa, eventos ou propostas. Inclusive, estados e municípios já estão elaborando suas contribuições para entregar durante o evento em Belém — como o Rio Grande do Sul, que lançou a Carta do Bioma Pampa no mesmo fórum com a presença de Luciana Abade e da representante do Ministério do Meio Ambiente, Inamara Santos Melo.

O papel do Brasil — e dos brasileiros

mundo tem grandes expectativas para a COP30. O evento marcará o encerramento do segundo “Global Stocktake” — o balanço global do Acordo de Paris — e deve pressionar por metas mais ambiciosas na luta contra as mudanças climáticas. Mas, para além das negociações diplomáticas, há uma oportunidade histórica de envolver o povo brasileiro, especialmente os amazônidas, no centro da construção de soluções.

Esta coluna quer aproximar você da COP30

O objetivo desta coluna é justamente esse: ajudar a decifrar o funcionamento da COP30 e sua importância para o Brasil, para os estados, para os municípios e para cada cidadão. Em tempos de crise climática, informação também é ferramenta de transformação.

Se você nunca participou de uma conferência do clima, agora é a hora de entender como ela funciona — e descobrir que seu papel pode ser maior do que imagina. A COP30 começa em Belém, mas sua construção passa por lugares como Porto Alegre, por fóruns regionais, por cartas, por ideias e — acima de tudo — por gente disposta a agir.

(Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética)

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