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Embora Eduardo Cunha tenha mostrado disposição de falar sobre Michel Temer, o Supremo decidiu que não é possível abrir investigação sobre o presidente por atos anteriores ao mandato

Eduardo Cunha está preso desde outubro do ano passado. (Foto: Reprodução)

Eduardo Cunha, há exatamente um ano, comandava na Câmara a abertura do processo de impeachment e, simultaneamente, manobrava para inviabilizar o processo que pedia sua cassação. Enquanto bradava contra o PT, já falava sobre o governo do ainda vice Michel Temer. Com esse histórico, é irônico ver hoje sua condenação a 15 anos e quatro meses de prisão soar como um fato trivial.

Um dos fenômenos mais dramáticos revelados pela Lava-Jato é o esquecimento proporcionado pela prisão. Na cadeia há meses, José Dirceu e Antonio Palocci, que chegaram a ser vistos como primeiros-ministros das gestões petistas, hoje pouco são lembrados fora do partido. Com Cunha já começa a acontecer algo parecido. Alvo de outras sete investigações, parece inexorável que volte a ser condenado em breve, sem qualquer alarde.

Se logo após a detenção, as especulações sobre sua possível delação eram constantes. Hoje praticamente desapareceram do noticiário. A Odebrecht tomou para si, de forma aparentemente definitiva, a alcunha de delatora “do fim do mundo”. Dizia-se que Cunha poderia entregar o grupo de Michel Temer. Não foi preciso ele dizer uma palavra: Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves e José Yunes já deixaram os cargos. Sobraram, no Planalto, Eliseu Padilha e Moreira Franco — cujo futuro depende das provas apresentadas pela construtora.

Embora Cunha tenha mostrado disposição de falar sobre Temer, o STF decidiu, em acusação contra Dilma, que não é possível abrir investigação sobre o presidente por atos anteriores ao mandato. Os deputados e empresários com quem Cunha sabidamente mantinha relações incestuosas já estão na mira da polícia ou são irrelevantes. Se não tirar coelhos da cartola, Cunha será em breve condenado ao esquecimento. (AG)

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