Em depoimento ao juiz Sergio Moro na manhã dessa segunda-feira, Emílio Odebrecht, atual patriarca da empreiteira que leva o sobrenome de sua família, negou envolvimento em contratos firmados entre o conglomerado empresarial e a Petrobras, que teriam sido celebrados em troca de uma futura compra de um terreno para o Instituto Lula.
Na denúncia, a Operação Lava-Jato aponta que o imóvel foi adquirido pela Odebrecht como forma de pagamento de propina ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista nega.
Além de Emílio Odebrecht, o ex-executivo da empreiteira Alexandrino de Alencar, também foi reinterrogado, pelo mesmo motivo. Também estavam marcados outros nove depoimentos para os períodos da manhã e da tarde. Dentre as testemunhas ouvidas estão o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro do governo Lula, Tarso Genro.
Neste processo, além de Lula e do ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, são réus o ex-ministro Antônio Palocci e o ex-assessor dele, Branislav Kontic. Os dois são acusados de terem intermediado o suposto pagamento de propina a Lula. Eles negam as acusações.
Delação
Nas colaborações premiadas de executivos da Odebrecht, quem delatou o ex-presidente no caso do terreno do Instituto Lula foi o ex-diretor setorial Alexandrino de Alencar – que foi dispensado da audiência pela defesa de Lula.
Na semana passada, Alencar afirmou ao juiz Sérgio Moro que a compra do imóvel foi uma espécie de “retribuição ao ex-presidente”. Por meio de seu acordo de delação premiada, ele disse que Marcelo Odebrecht (preso desde junho do ano passado pela força-tarefa em Curitiba) disponibilizou ao menos 12 milhões de reais para a compra da sede do instituto.
Emílio foi ouvido como testemunha de acusação na ação penal em que o ex-presidente Lula é acusado de receber propina da empreiteira por meio de um terreno que seria comprado para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula e de um apartamento vizinho ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Defesa de Lula
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, também perguntou se Emílio manteve reuniões com outros ex-presidentes da República que antecederam Lula no cargo. O empresário confirmou: “Desde a minha entrada na organização, praticamente todos ex-presidentes. Discutia várias coisas de interesse nacional, aquilo que era importante para o Brasil continuar crescendo”, disse Emílio, em depoimento de cerca de seis minutos por videoconferência na Justiça Federal de São Paulo.
O depoimento de Emílio foi retomado por decisão do TRF-4 (Tribunal Federal Regional da 4ª Região), que aceitou um pedido formulado pela defesa de Lula. O pedido foi feito após a audiência em que Emílio foi ouvido porque, segundo a defesa, o MPF (Ministério Público Federal) acrescentou documentos ao processo que não puderam ser verificados a tempo da primeira oitiva.
