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Grupo do Vale do Sinos é denunciado por fraude com criptomoedas e pirâmide financeira

Uma das vítimas investiu R$ 800 mil, sem jamais obter retorno. (Foto: EBC)

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) denunciou quatro integrantes de uma empresa da região gaúcha do Vale do Sinos investigada por esquema de pirâmide financeira relacionada a investimentos em moedas virtuais (criptomoedas). Eles são suspeitos de ilícitos em São Leopoldo (sede do estabelecimento), Campo Bom e outras cidades, entre maio de 2019 e outubro de 2020.

Integram a turma o sócio-administrador da empresa, sua esposa (que se apresentava como responsável financeira), um operador técnico e uma sócia minoritária. As acusações são de organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e crime contra e economia popular,  todas aceita pela 1ª Vara Estadual de Processo e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro.

De acordo com as investigações, apenas um dos clientes foi lesado em quase R$ 800 mil, ao passo que outro teve “evaporados” R$ 400 mil. Só em lavagem de dinheiro, estima-se que o esquema abrangeu cerca de R$ 330 mil.

O coordenador do 5º Núcleo Regional do Gaeco, promotor Manoel Figueiredo Antunes, salienta que o MP-RS precisa combater esses tipos de crimes e fraudes para preservar a crença das pessoas no sistema econômico: “Estamos pedindo a condenação dos denunciados e a reparação do dano causado às vítimas.

Pirâmide

Durante a investigação, os supostos envolvidos foram alvo da operação “Bitstar” do Ministério Público gaúcho mas criaram uma segunda empresa. O promotor Manoel Antunes ressalta que o esquema consistia em mera especulação financeira por meio dos investimentos das vítimas com a promessa de elevados rendimentos no mercado de criptoativos.

Como sempre ocorre nas pirâmides financeiras, porém, o dinheiro destinado à remuneração dos investidores não foi mais repassado e eles passaram a pressionar, bem como denunciar os responsáveis pelas empresas.

O sócio-administrador também tinha a função de captar investidores, ou seja, futuras vítimas, prometendo rendimentos fixos de 10% para investimentos inferiores a R$ 100 mil e de 12% para investimentos acima desse valor.

Para atrair as vítimas, os criminosos insinuavam manter relação de proximidade com uma família vinculada à política e meios de comunicação fora do Estado. Também promoviam almoços e outros eventos, intitulados “Bitconfra”, anunciando que iriam integrar o Parque Tecnológico da Universidade do Vale do Sinos (Unisinos).

Comissões eram oferecidas para quem indicasse novos clientes e licenças da empresa, indicando a Serra Gaúcha como uma região de forte potencial para próximos investimentos. Ainda conforme a denúncia, os suspeitos ostentavam nas redes sociais fotos nas quais apareciam com bens luxuosos e em viagens e restaurantes de alto nível, por exemplo. “Tudo não passava de estratégia de aliciamento”, avalia o promotor.

(Marcello Campos)

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