Decidido a dar fim a um desafeto, um homem entrou calmamente numa lan house, colocou o revólver a poucos centímetros da nuca do alvo, que navegava na internet, e apertou o gatilho. A arma falhou. O criminoso saiu sem ser notado pelos seis frequentadores do estabelecimento, que estavam com os olhos vidrados nos computadores.
Minutos depois, ele voltou e executou a vítima com cinco tiros pelas costas, no Rio de Janeiro. A morte de Henrique Oliveira da Silva, de 23 anos, foi filmada por uma câmera de segurança do estabelecimentos, cujas imagens são analisadas pela polícia.
O atirador, de acordo com a Polícia Civil, é conhecido como Marcos Vinícius, o MV, e seria do Morro do Castelinho, na mesma cidade. Investigadores disseram que a motivação do crime teria sido uma desavença por causa de dívida com o tráfico de drogas. Henrique já tinha passagens pela polícia por porte ilegal de arma, tráfico de drogas e associação para o tráfico.
A namorada da vítima postou uma conversa entre os dois em seu perfil no Facebook. “Vale a pena morrer? Não há dinheiro no mundo que pague a nossa dignidade e, principalmente, a nossa vida”, escreveu ela, em mensagem endereçada ao jovem assassinado.
Parentes da vítima disseram que, em março, MV já havia tentado matar Henrique. Investigadores procuram por outra pessoa que estaria do lado de fora do estabelecimento dando cobertura ao assassino.
Também chamou a atenção no episódio o envolvimento dos frequentadores com o mundo virtual. “A internet fornece tantas informações que consegue fazer a pessoa se desligar do que está acontecendo”, diz Eduardo Guedes, especialista em transtornos de dependência de redes sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.