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Entenda como é feita a limpeza dos aviões em tempos de pandemia

O novo padrão de excelência para as companhias aéreas e passageiros é a limpeza. (Foto: Reprodução)

Que pontualidade, que nada. O novo padrão de excelência para as companhias aéreas e passageiros é a limpeza. As empresas estão ocupadas afinando seus processos de higienização – ou seja, o que limpar, com que frequência e que produtos usar. Para se ter uma ideia de como as coisas mudaram, não faz muito tempo fui conferir de perto o processo todo, do início ao fim, a bordo de uma aeronave da Delta Air Lines no Aeroporto Internacional Kennedy, em Nova York. Resumindo: foi meticuloso a ponto de satisfazer até o germofóbico mais renitente.

Segue aqui o que os passageiros precisam saber sobre a desinfecção e a limpeza dos aviões entre um voo e outro.

Como foi feita a limpeza do avião? Os passageiros desembarcaram do jato regional de 76 lugares que acabara de chegar de Boston da Republic Airways, empresa que opera o avião em nome da Delta. Uma equipe de nove pessoas fez um trabalho rápido e eficiente.

Primeiro, um funcionário atravessou a cabine para abrir todos os compartimentos sobre os bancos e as bandejas. As coberturas das janelas ficaram pela metade, o que permite ao desinfetante fazer efeito nelas e no vidro também.

A seguir, veio outro, com um equipamento nas costas, feito uma mochila, só que com desinfetante e um bico parecido com o daquelas pistolas de água de brinquedo, o chamado pulverizador eletrostático. O borrifo parecia uma névoa fina, e ele foi lentamente passando dos banheiros lá atrás para a parte da frente. Para se proteger, o faxineiro usou máscara e protetor facial de plástico. Todos os assentos, todas as paredes, todas as saídas de ar e compartimentos foram atingidos pela nuvem limpadora. De ponta a ponta, o processo durou dez minutos.

Enquanto isso, os outros membros da equipe ficaram esperando no túnel de acesso, todos de máscara. Uma vez que a operação foi concluída, eles entraram e partiram para a limpeza: um ficou cuidando da copa na parte da frente e dois foram diretamente para os banheiros da parte posterior; o resto começou a limpar assentos, encostos, bandejas, descansos de braço e laterais, usando no frasco borrifador de mão o mesmo produto do pulverizador. Um deles ficou encarregado da parte interna dos compartimentos superiores de bagagem.

Na parte traseira, o banheiro foi limpo diversas vezes com toalhetes encharcados de desinfetante, semelhantes à versão Lysol.

Os passageiros produziram bem pouco lixo, já que não há oferta de bebidas ou comida em um percurso curto como esse. Só vi uma garrafa plástica no bolso atrás de uma poltrona.

Se necessário, o chão é limpo com aspirador de pó. Segundo a explicação de um funcionário da Delta, se o avião é usado durante mais de oito horas – ou seja, um voo de longa duração –, a empresa então realiza uma limpeza mais detalhada, na qual até os assentos são retirados e aspirados. O carpete é lavado com um produto especial.

Com que frequência a aeronave é limpa ou desinfetada? Varia de empresa para empresa, mas agora a frequência é maior do que antes da pandemia. Delta, American, United e Southwest usam pulverizadores eletrostáticos com assiduidades diferentes.

A aeronave comercial geralmente faz voos de curta e/ou média distância várias vezes por dia, como no caso Nova York-Boston; os de longa, como Nova York-Los Angeles, ou internacionais são obviamente menos frequentes. O intervalo de tempo entre a aterrissagem e a decolagem é chamado de “turno”. No caso da Delta, o avião regional fica em terra cerca de 90 minutos e os maiores, até duas horas. O turno de outras companhias como a Spirit e a Frontier é muito mais curto.

Também no caso da Delta, cada aeronave é desinfetada e limpa depois de cada voo, segundo seus representantes. O processo dura cerca de 15 minutos, realizado em cima do período em que o avião já está em terra. “Estamos falando de alguns minutos a mais acrescentados ao horário pré-estipulado”, explica Stephanie Baldwin, vice-presidente de operações aeroportuárias da Delta no Kennedy.

Um avião maior precisa de mais tempo e mais gente; embarquei em um Boeing 767 que tinha acabado de ser limpo, recém-chegado de Los Angeles. Foi higienizado por um grupo de 12 pessoas, que seguiu o mesmo processo do pessoal da Republic Airways.

Por e-mail, um porta-voz da United Airlines esclareceu que a companhia usa o pulverizador antes “da maioria dos voos”; a Southwest Airlines informou que a limpeza profunda leva de seis a sete horas e é feita todas as noites.

Já a American Airlines explicou que “desinfeta as superfícies com alto grau de manipulação em todos os turnos com uma solução semelhante àquela usada por alguns concorrentes para a pulverização da cabine”. E que faz a vaporização eletrostática com uma solução que garante oferecer sete dias de proteção contra o coronavírus. As informações são do jornal The New York Times.

 

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