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Entenda como um tablet ajudou um paciente “preso ao seu próprio corpo” a enfrentar uma doença

Simplesmente olhando a letra ou a palavra que queria, ele podia selecionar ou escrever frases. (Crédito: Reprodução)

Alguma vez você já teve a sensação de acordar de um sono profundo sem conseguir se mexer, falar ou até mesmo reagir? Esse tipo de acontecimento se chama “paralisia do sono” e é comum a uma em cada 20 pessoas. Mas o normal é que a sensação se limite a alguns minutos. E quando ela permanece por dias, semanas ou meses?

Terry estava assim, pouco tempo depois apareceram os  sinais da Síndrome de Guillain-Barré (SGB), doença em que o próprio sistema imunológico ataca as células nervosas do corpo, causando fraqueza muscular e, por vezes, paralisia. Vários países que tiveram surtos de Zika, inclusive o Brasil, têm relatado aumento nos casos da doença.

Entre os sintomas da síndrome está a fraqueza de braços e pernas; em casos mais graves, pode haver dano aos músculos respiratórios. Os sintomas podem durar meses. A agência de doenças e medicamentos dos EUA esclarece que a maioria dos pacientes se recupera totalmente, ainda que a SGB possa causar a morte.

O caso do galês Terry era extremo: o engenheiro de comunicação sofria dessa doença de uma maneira tão intensa que estava perto de desenvolver uma condição ainda mais grave: a chamada Síndrome do Enclausuramento. Em outras palavras, por causa da SGB, o sistema imunológico confunde os nervos com a infecção e os ataca – causando danos graves.

Como resultado, os pacientes não conseguem mais enviar sinais nervosos da mesma maneira e perdem o controle sobre seu próprio corpo. A doença tem diversos estágios, e a paralisia quase completa de Terry estava em um dos extremos mais raros. A SGB deixava Terry apenas com os movimentos dos olhos –  esse era seu único canal de comunicação.

A tecnologia, como o uso de um tablet para a comunicação por contato visual ajudou Terry a superar um dos momentos mais complicados de sua vida. Esse dispositivo utilizava uma grade com o alfabeto na tela e câmeras de contato visual para acompanhar o olhar de Terry – enquanto ele era capaz de abrir os olhos de maneira espontânea. Simplesmente olhando a letra ou a palavra que queria e, assim, pressionando o interruptor, ou descansando seu olhar durante tempo suficiente, ele podia selecionar ou escrever palavras e frases.

Com o tempo, seu sistema imunológico parou de atacar seus nervos e seu corpo começou a recuperar os danos causados. Uma vez que seus músculos do peito ficaram maiores, ele pôde ser tirado do tubo respiratório e isso lhe permitiu falar bem pela primeira vez em meses. (BBC)

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