Ícone do site Jornal O Sul

Entenda o que são os cuidados paliativos indicados ao ex-presidente do Uruguai

Ex-presidente do Uruguai, José Pepe Mujica está em estágio terminal de câncer de esôfago e recebe cuidados paliativos para evitar a dor. (Foto: Reprodução)

Os cuidados paliativos são indicados para quaisquer pacientes com uma doença grave, progressiva, crônica e potencialmente mortal. A ideia é oferecer bem-estar ao paciente, controlando sintomas físicos e emocionais.

Os cuidados atravessam diversas especialidades médicas e incluem enfermeiros e assistentes sociais. Acionados, esses profissionais compreendem a morte como um ciclo natural, sem antecipá-la nem adiá-la. O suporte se estende também à família, oferecendo amparo desde o diagnóstico até o luto.

O conceito de cuidados paliativos se modernizou nos últimos anos. Antes, o tratamento era entendido como um acompanhamento quando o paciente está sem alternativa de cura. Agora, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que o monitoramento das necessidades do paciente e o acolhimento à sua família deve ser feito a partir do diagnóstico.

O método se transformou em um planejamento, não sendo mais apenas um cuidado final visando a morte.

Nos Estados Unidos, já existem doulas do fim da vida, com papel semelhante às que auxiliam grávidas a dar à luz, mas se dedicam ao momento da morte. Elas ajudam idosos a realizarem desejos finais, como fazer uma atividade específica ou morrer em casa, oferecendo apoio emocional e espiritual.

Segundo Daniel Forte, coordenador da área no Hospital Sírio-Libanês e presidente da ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos), estudos também mostram que cuidados paliativos podem aumentar o tempo de vida dos pacientes.

Apesar de indicado para pacientes em fase terminal de várias doenças, o método paliativo é majoritariamente aplicado em pessoas com câncer. Principalmente em casos de metástase, quando o tumor deixa sua origem e se espalha por outras partes do corpo.

É o caso do ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica, que está em estágio terminal de câncer de esôfago e recebe cuidados paliativos para evitar a dor, afirmou sua esposa, a ex-vice-presidente Lucía Topolansky, a um jornal local.

Em janeiro deste ano, Mujica revelou que o câncer havia se espalhado por seu corpo e que, aos 89 anos, não se submeteria a mais tratamentos. A situação atual é terminal, disse Topolansky à rádio local Sarandí, explicando que estão fazendo o que é necessário para que Mujica viva a última parte de sua vida “da melhor maneira possível”.

Apesar de a OMS defender que os métodos paliativos sejam tratados como uma necessidade humanitária urgente para pessoas com doenças graves, segundo a ANCP, há só 177 equipes atuando na área no Brasil, tornando o acesso desigual.

Mais da metade das equipes está no Sudeste. Destas, a maioria fica na cidade de São Paulo. E, dentro da capital, a maioria dos grupos está na região da avenida Paulista, na região central.

“A avenida Paulista tem mais equipes de cuidado paliativo do que o Norte e o Nordeste”, diz Daniel Fort.

“O Brasil tem ilhas de excelência, mas tem também um mar sem esse serviço. Nossa situação está pior que a de países como Argentina, Uruguai e Zâmbia”, diz Forte. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Sair da versão mobile