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Entidade condena fala homofóbica de Abel Braga e aciona a Justiça Desportiva

"Eu não quero a porra do meu time treinando de camisa rosa, parece time de viado", declarou Abel em coletiva de apresentação. (Foto: Ricardo Duarte/Internacional)

O Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+ denunciou o Inter e o técnico Abel Braga à Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por uma fala homofóbica do treinador durante sua apresentação no clube gaúcho.

Em coletiva no domingo (30), ao comentar sobre o ambiente no vestiário e o uniforme de treino da equipe, Abel disparou:

“Eu não quero a porra do meu time treinando de camisa rosa, parece time de viado”.

Após a repercussão negativa, o técnico se desculpou por meio de suas redes sociais e afirmou que “cores não definem gêneros”:

“Colorados e Coloradas, reconheço que não fiz uma colocação adequada sobre a cor rosa durante a coletiva. Antes que isso se espalhe, peço desculpas. Cores não definem gêneros, o que define é caráter. O Inter precisa de paz e muito trabalho.”

Para a entidade LGBT, a retratação não exime a conduta de Abel, devido à sua “capacidade de influenciar comportamentos, reforçar estigmas e naturalizar práticas discriminatórias dentro do ambiente esportivo”.

A representação junto ao STJD também mira Ramón Díaz, ex-treinador do Colorado, por uma declaração misógina em sua coletiva após empate contra o Bahia, pela 33ª rodada. Na ocasião, ele afirmou que o “futebol é para homens, não é para meninas”. Díaz também se retratou depois de ser criticado.

O Grupo Arco-Íris, por meio dos advogados Carlos Nicodemos e Maria Fernanda Cunha, aponta que a sucessão de dois episódios discriminatórios protagonizados por treinadores do Inter evidencia um “padrão preocupante” e configura “clara violação das normas desportivas”, em especial do artigo 243-G, do CBJD.

O dispositivo prevê suspensão de até dez partidas e multa que pode chegar a R$ 100 mil. O texto também estipula punições ao clube se a infração foi praticada por considerável número de pessoas vinculadas à instituição ou por atos de seus torcedores.

A entidade denunciante, presidida por Cláudio Nascimento, se baseia num precedente do próprio STJD, que puniu o atacante Dudu por misoginia contra Leila Pereira.

O pedido é para que a Procuradoria do STJD ofereça denúncia contra o Inter e os técnicos Abel Braga e Ramónz Díaz pelas manifestações. Também se pleiteia a aplicação de medidas de reparação baseadas em ações afirmativas, como participação em seminários e cursos, planos de prevenção e campanhas públicas de conscientização.

O Inter ocupa a 17ª posição na tabela do Campeonato Brasileiro, com 41 pontos – mesma pontuação do Santos, primeiro clube fora da zona de rebaixamento, mas com saldo de gols inferior. Restam apenas duas rodadas para definir o futuro da equipe: contra o São Paulo e Red Bull Bragantino, na Vila Belmiro e no Beira-Rio, respectivamente.

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