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Equipe do ministro da Economia descarta segunda onda de coronavírus e aposta que a prorrogação do auxílio emergencial não será necessária

Avaliação é baseada em leitura política de que quarentena como a de abril não deve se repetir. (Foto: Rovena Rosa)

Para a equipe econômica do governo, uma nova rodada de pagamento do auxílio emergencial não é necessária — e isso se baseia não só na avaliação de que o aumento do número de casos de Covid-19 não configura uma segunda onda da pandemia, mas também na aposta que a chance de novas medidas duras de isolamento social é remota, mesmo com sinais de aumento do número de contaminados em parte dos estados.

Nos últimos dias, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e seus auxiliares, têm afirmado que a hipótese de trabalho do time é de baixa probabilidade de que novas medidas emergenciais sejam necessárias.

Parte dessa avaliação é sustentada em uma análise de dados compilados pela Secretaria de Política Econômica que apontam que parte dos Estados alcançaram a chamada imunidade de rebanho. O monitoramento, no entanto, não é feito em parceria com o Ministério da Saúde, segundo o Ministério da Economia, e sim com dados estatísticos.

A análise é reforçada por uma percepção política. Segundo interlocutores de Guedes, a chance de que determinações de isolamento social sejam tomadas é considerada baixa. Mesmo que medidas nessa direção sejam anunciadas por governos locais, a expectativa é que a população não adote esse comportamento na prática.

A avaliação vale não só para o auxílio emergencial, mas também para outras medidas tomadas durante a pandemia. Uma dessas medidas é a ampliação do microcrédito. A análise da equipe econômica hoje é de que a oferta por esse tipo de crédito é muito maior que a demanda.

A lógica do time econômico é que seria necessário não só ocorrer um aumento de casos, mas também a repetição do que ocorreu em abril, quando empresas fecharam as portas em um esforço para conter a pandemia recém-declarada.

O rumo da doença é fundamental para a determinação de uma nova rodada de auxílio emergencial, que deixará de ser pago depois de dezembro. O governo não conseguiu fechar um acordo para criar um novo programa social com valor superior ao do Bolsa Família, cuja transferência média é de R$ 190. Por isso, há dúvidas sobre a capacidade de manter a assistência social caso a segunda onda feche novamente o comércio ou a atividade econômica não decole no ano que vem.

Popularidade em queda

Na quinta-feira (26), levantamento do jornal O Globo com base nas pesquisas Ibope mostrou que a popularidade do presidente Jair Bolsonaro caiu em 23 das 26 capitais durante as eleições municipais. A piora na avaliação de Bolsonaro ocorre ao mesmo tempo em que o valor do auxílio emergencial foi cortado de R$ 600 para R$ 300.

Segundo uma fonte próxima a Guedes, a equipe econômica vai defender que a rota para elevar a popularidade é a aprovação de reformas estruturais. Esse interlocutor afirmou que, mesmo com pressão da ala política por mais gastos, o argumento será de que é preciso fazer o “dever de casa” para garantir que a popularidade esteja em alta em 2022, nas eleições presidenciais.

A retomada do mercado formal de trabalho, apontada pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) reforçou o discurso de que a recuperação econômica dispensará novas medidas emergenciais. Em novembro, o saldo entre contratações e demissões bateu recorde e alcançou 394,9 vagas.

Ao divulgar os dados, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, acenou para Bolsonaro ao defender a importância de preservar a atividade econômica ao mesmo tempo em que são tomadas medidas relacionadas à saúde.

“Isso demonstra o acerto das informações e das afirmações do Presidente da República, que sempre se preocupou e sempre nos pediu a proteção aos empregos. Obviamente, proteção à vida, mas também lembrando que proteger empregos é proteger as vidas”, afirmou Bianco, em coletiva de imprensa.

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