Meio século depois de seu lançamento fracassado para Vênus, a espaçonave Kosmos 482 caiu na Terra. Segundo a Agência Espacial Russa, a nave caiu no oceano Índico nesse sábado (9), sem informar a localização precisa.
Não se sabe ainda se partes da espaçonave de meia tonelada resistiram à descida de fogo da órbita. Os cientistas dizem que as chances de alguém ser atingido por detritos da espaçonave eram extremamente baixas. Quaisquer destroços sobreviventes pertencerão à Rússia, sob um tratado das Nações Unidas.
De acordo com a Roscosmos, agência espacial da Rússia, a espaçonave entrou nas camadas densas da atmosfera às 3h24, 560 km a oeste da Ilha Middle Andaman, e caiu no Oceano Índico a oeste de Jacarta, na Indonésia
O diferencial do módulo Kosmos 482 é que ele foi construído para resistir ao calor extremo de Vênus, que chega a 464 °C. Por isso, seus materiais eram mais resistentes do que o normal e podiam, em tese, suportar a reentrada na Terra. No entanto, ainda é cedo para saber se alguma parte da nave sobreviveu à queda e o local exato que isso aconteceu.
Entenda
• A sonda Kosmos-482, lançada em 1972 para Vênus como parte do programa soviético Venera, sofreu uma falha e ficou presa na órbita da Terra;
• Ela foi perdendo altitude ao longo desses 53 anos, com previsão de reentrar na atmosfera na madrugada deste sábado;
• O objeto desapareceu dos radares próximo da Alemanha por volta das 3h da manhã;
• A estrutura reforçada permitia que o módulo resistisse ao calor e não se desintegrasse totalmente;
• A queda poderia acontecer em qualquer ponto entre as latitudes 52° norte e sul, incluindo o Brasil;
• Cientistas acompanharam a reentrada para estudar os efeitos do atrito e melhorar previsões futuras;
• Ainda não se sabe o ponto exato da queda.
A queda da espaçonave Kosmos 482 acende um alerta sobre o aumento do lixo espacial na órbita da Terra. Atualmente, cerca de três grandes fragmentos caem no planeta todos os dias – tendência que deve se intensificar com o avanço das atividades espaciais.
Segundo a ESA, há cerca de 40 mil objetos rastreados por vigilância espacial em torno da Terra, dos quais aproximadamente 11 mil estão ativos. A maioria pertence à constelação Starlink, da SpaceX, que já soma cerca de 7.200 satélites em operação. O número cresce rapidamente, ampliando os riscos de colisões e de queda de detritos sobre áreas povoadas.