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Espanhóis veem subnotificação de casos de pedofilia na Igreja Católica

grupo de vítimas e especialistas disseram que as conclusões do documento mancharam o legado de um dos teólogos mais renomados do catolicismo. (Foto: Reprodução)

Ativistas espanhóis querem que seja aberta uma investigação independente contra a Igreja Católica do país para apurar uma série denúncias de abuso sexual de religiosos contra crianças desde o século passado. Especialistas acreditam que as apurações feitas pela igreja da Espanha sejam inferiores à realidade.

O porta-voz da Igreja Católica na Espanha, Luiz Arguello, afirmou que a instituição não tem a intenção de fazer uma investigação externa sobre relatos de abusos sexuais. Segundo o representante, eles não seriam “proativos” na apuração de denúncias.

São poucos os casos. Por que o foco está apenas na Igreja Católica?”, declarou Arguello, enquanto a instituição é alvo de investigações em outras partes da Europa, como Alemanha, Bélgica, França e Irlanda.

Juan Cautrecosas, presidente da Associação para a Infância Roubada (Anir, na sigla em espanhol) e pai de um menino abusado em uma escola católica, destaca que a Igreja da Espanha reporta apenas 220 casos de abuso em investigação, embora este número seja infinitamente menor do que a realidade.

“Eles manipulam as estatísticas na Espanha recorrendo apenas à fundação Anar [organização que ajuda crianças em risco]. Mas muitas vítimas não relataram seus abusos à Anar por mais que esta fundação seja incrível. Na Espanha, os números são semelhantes aos da França, se não superiores.”

Papa Bento

Setores conservadores da Igreja defenderam o Papa emérito Bento XVI contra acusações de lidar mal com casos de abuso sexual, publicadas em um relatório independente apresentado quinta-feira na Alemanha. Por outro lado, grupo de vítimas e especialistas disseram que as conclusões do documento mancharam o legado de um dos teólogos mais renomados do catolicismo.

Encomendado pela Igreja alemã, o relatório diz que o então cardeal Joseph Ratzinger falhou ao não agir contra clérigos em quatro casos quando foi arcebispo de Munique de 1977 a 1982. No total, a investigação – encomendada pela Arquidiocese de Munique e Freising ao escritório de advocacia alemão Westpfahl Spilker Wastl (WSW) – concluiu que houve pelo menos 497 vítimas de abuso no âmbito da arquidioce no período. A maioria era de meninos, 60% deles com idades entre 6 e 14 anos. O relatório ainda identificou 235 agressores, incluindo padres, diáconos e funcionários de escolas católicas.

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