Mesmo se até o momento não há estudos que relacionem o consumo de alimentos contaminados à Covid-19, a recomendação de especialistas é dar preferência a alimentos cozidos e higienizar adequadamente verduras e frutas.
A diretora do Food Research Center da USP, Bernadette Dora Gombossy de Melo Franco, afirma que os alimentos não apareceram como fonte de contaminação nas epidemias de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) e que “não há motivo para pensar que isso vá acontecer agora”. Entretanto, a nutricionista lembra há risco de contaminação pela manipulação.
“A OMS recomenda evitar consumir carnes cruas ou mal passadas, embora tudo indique que o gado bovino, suíno e aves não têm o coronavírus. Apesar disso, qualquer alimento cru pode estar contaminado na superfície, por contato com o ser humano, então é mais prudente evitar alimentos que não são aquecidos antes de consumidos, como o sushi ou sashimi”, diz.
Tania Vergara, infectologista da Sociedade de Infectologia do estado do Rio de Janeiro, acrescenta que, no caso do peixe, mesmo o congelamento é insuficiente para eliminar a contaminação.
“Vírus não morre com congelamento e, provavelmente, o mesmo acontece com o novo coronavírus. Se o peixe estava contaminado, ele segue assim para todas as outras mãos”, diz a médica, que desaconselha o consumo de alimentos crus quando não se conhece as condições de higiene em que foi preparado.
O médico infectologista do Hospital Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia Leonardo Weissmann também chama atenção para esse aspecto. “Quando algum alimento é consumido geralmente cru, é necessário ter maior atenção com a procedência e higiene – de quem prepara e das superfícies e utensílios usados no preparo.”
A nutricionista da USP reforça que lavar e higienizar vegetais e frutas consumidos crus – utilizando hipoclorito de sódio nas concentrações indicadas pelo fabricante – e cozinhar carnes e peixes é uma medida de prevenção também contra outras doenças.
“Isso deve ser feito não só por causa do coronavírus mas por causa de outros microrganismos e parasitas que podem estar presentes e causar doenças, como gastroenterites ou outras viroses, hepatite, por exemplo”, afirma.
Franco acrescenta que, diante da pandemia, a qualidade e segurança dos produtos adquiridos podem estar comprometidas, por isso, todas as medidas de precaução são bem-vindas.