Mais de 11 mil pessoas aguardam por consulta com oftalmologista pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em Porto Alegre. Aqueles pacientes que foram encaminhados para plástica ocular, por exemplo, chegam a esperar 412 dias. A alta demanda e a dependência por equipamentos específicos são explicações da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) para a demora.
A catarata é uma doença que afeta principalmente os idosos e tem como característica causar o embaçamento progressivo da visão. Entre os sintomas mais comuns estão a sensibilidade à luz, a visão escurecida e dificultada durante a noite.
Nos casos mais avançados, os olhos ficam na cor branco-azulada e o maior risco é a cegueira, que pode acontecer quando o tratamento não é realizado. A prevenção não existe, mas nos casos mais avançados o Sistema Único de Saúde cobre todas as despesas.
Em setembro de 2017 a janeiro de 2018, o mutirão de cirurgias eletivas do SUS realizou 4.230 procedimentos utilizando a verba de R$ 2,77 milhões. O valor corresponde a 59% do recurso estipulado como referência para Porto Alegre, que é de R$ 4,71 milhões.
A Secretaria Estadual de Saúde informa que, após consulta especializada regulada pelo Estado, os pacientes são encaminhados para acompanhamento nos hospitais Vila Nova, Clínicas, Independência, Santa Casa e Banco de Olhos. Após meses na fila de espera, eles são submetidos a perda gradativa da visão, dificultando ainda mais a chamada facectomia (cirurgia de catarata).
A justificativa é que os pacientes devem esperar em média três meses podendo ultrapassar um ano para serem operados, devido ao número de pacientes que já foram atendidos. O paciente que depende do SUS precisa primeiro buscar atendimento com um clínico geral na UBS (Unidade Básica de Saúde) de referência. Se for apontada a necessidade, é encaminhado para o especialista. E é neste momento que o processo trava.
A catarata atinge quase metade (46,2%) da população mundial com mais de 65 anos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que no mundo 160 milhões de pessoas tenham a doença. No Brasil são 2 milhões de pessoas afetadas e surgem 120 mil novos casos a cada ano.
O médico oftalmologista Marco Kroeff alerta que a principal causa é o processo natural de envelhecimento, que faz com que o cristalino perca gradativamente sua transparência durante a vida. Entre os fatores de risco estão os maus hábitos alimentares e o stress que induzem ao acúmulo de oxidantes, além da excessiva exposição à radiação ultravioleta emitida pelo sol.
Com a evolução do quadro, que leva à opacificação total do cristalino, a pessoa acometida pode enxergar apenas vultos. A recomendação é que a cirurgia seja realizada o quanto antes.
O médico oftalmologista Marco Kroeff. (Foto: Divulgação)