Na chegada em Davos, na Suiça, Bolsonaro demonstrou preocupação com o agravamento da situação na Venezuela. Nesta segunda-feira (21), na região de Sucre, em Miranda, um grupo de militares contrários ao governo tentou render um quartel e foi detido. “Estou sabendo que a Venezuela está com problema não é de hoje e nós esperamos que mude rapidamente, mude o governo [conduzido pelo presidente Nicolás Maduro].”
Na semana passada, Bolsonaro e vários ministros se reuniram com integrantes da oposição a Maduro. Durante o fórum, ele conversará com os presidentes do Peru, da Colômbia, do Equador e da Costa Rica, novamente o tema será a Venezuela.
Militares detidos
As Forças Armadas da Venezuela anunciaram nesta segunda (21) a captura e prisão de um grupo de soldados que se rebelou contra o governo. Segundo os oficiais, será aplicada a “força da lei”. Em comunicado, os militares informam que os “rebeldes” eram oficiais da Guarda Nacional Bolivariana e são suspeitos de roubar um lote de armas de guerra e sequestro de quatro agentes.
De acordo com o texto oficial, o grupo era ligado ao Comando Área 43 da Guarda Nacional Bolivariana, no município de Sucre, estado de Miranda. Os homens são chamados de “assaltantes”. Para os oficiais, o grupo atuou seguindo “interesses escusos da direita extrema”.
O comunicado não menciona nomes de quem poderia estar por trás da ação. “A Força Armada Nacional Bolivariana rejeita categoricamente este tipo de ato, com toda segurança, motivado por interesses escusos da direita extrema e contrário às regras elementares da disciplina militar.”
A reação ocorre menos de uma semana depois de a Assembleia Nacional Constituinte, o Parlamento da Venezuela, que é de maioria de oposição, anunciar anistia a militares e civis que se manifestarem contrários ao governo de Nicolás Maduro.
De acordo com um comunicado das Forças Armadas, os suspeitos foram entregues na sede da Segurança Especial Unidade Waraira Repano .
Primeiro latino-americano a discursar
Primeiro chefe de Estado latino-americano a discursar na abertura da sessão plenária do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no dia 22, o presidente Jair Bolsonaro foi convidado para a reunião do IBC (International Business Council). O IBC se propõe a identificar os aspectos de negócios globalmente relevantes e desenvolver soluções práticas. É um órgão consultivo do fórum.
Todos os anos, o IBC seleciona um chefe de Estado ou de Governo para participar de uma conversa com os 100 CEO’s (empresários) de destaque no cenário mundial.
Bolsonaro também fará o discurso de abertura no jantar da América Latina e receberá 50 CEO’s selecionados para um almoço sobre o Brasil. Haverá ainda um jantar do fundo de investimentos BlackRock.
Apontada como maior empresa do mundo em gestão de ativo, a BlackRock tem sede em Nova York e entre seus clientes há governos, pessoas jurídicas e físicas.
Em sua 39ª edição, o Fórum Econômico Mundial reúne a elite política e econômica global para discutir a conjuntura mundial e estimular a cooperação entre governos e o setor privado.
Política externa
O presidente aproveitará a oportunidade para demonstrar sua preocupação com o agravamento da crise na Venezuela, apresentar seu ponto de vista sobre globalização e sobre tecnologia e inovação. Um dos destaques, em Davos, no entanto, serão os aspectos econômicos, particularmente a abertura econômica.
Bolsonaro foi acompanhado pelos ministros da Economia, Paulo Guedes; das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Cooperação regional
O presidente também deseja certificar as credenciais democráticas do País e tratar de temas como inserção e cooperação regional, Mercosul e crise na Venezuela, a qual será objeto de um painel paralelo à agenda oficial nesta quarta (23), com a participação dos brasileiros.
Na semana passada, Bolsonaro, Araújo Moro receberam em Brasília opositores venezuelanos, entre eles o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, o deputado Julio Borges e o presidente da Suprema Corte venezuelana no exílio Miguel Ángel Martín.
Em nota divulgada na última quinta-feira (17), o Ministério das Relações Exteriores brasileiro sinalizou positivamente para a possibilidade de reconhecer o deputado opositor Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional, como presidente legítimo da Venezuela caso o Legislativo assim o declare.
O comunicado do Itamaraty adotou uma linguagem dura para se referir ao ditador Nicolás Maduro. “O sistema chefiado por Nicolás Maduro constitui um mecanismo de crime organizado. Está baseado na corrupção generalizada, no narcotráfico, no tráfico de pessoas, na lavagem de dinheiro e no terrorismo.”
