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Esquerda retoma o rótulo de “inimigos do povo” contra a Câmara dos Deputados e o presidente da Casa, após aprovação do projeto de lei da redução de penas de prisão

Parlamentares governistas e militância tentam repetir estratégia usada contra a PEC da Blindagem.(Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

Buscando repetir a estratégia adotada para barrar o avanço da PEC da Blindagem em setembro – aprovada na Câmara dos Deputados e depois rejeitada no Senado –, parlamentares e contas ligadas à militância da esquerda voltaram a descrever o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), como “inimigo do povo” após a aprovação do PL da Dosimetria, na madrugada da última quarta-feira (10). Nas redes sociais, compartilharam montagens que ironizavam Motta e o associavam à alcunha.

A direita bolsonarista, por sua vez, comemorou o avanço da proposta de redução de penas que beneficiaria o ex-presidente como um sinal de “justiça” aos condenados pelo 8 de Janeiro e como o “primeiro passo” para a libertação de Jair Bolsonaro.

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) disse, em seu perfil nas redes sociais, que Motta “pautou e, na calada da madrugada, deputados aprovaram um projeto para anistiar e reduzir as penas de golpistas condenados, inclusive Bolsonaro”. A parlamentar paulista também retomou o uso da expressão “Congresso Inimigo do Povo”.

A hashtag foi criada no início deste ano, após a derrubada pelo Legislativo do decreto de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas ganhou força meses depois, durante a movimentação da esquerda nas redes contra a PEC da Blindagem. A parlamentar paulista também retomou o uso da expressão “Congresso Inimigo do Povo”. Em setembro, a estratégia incluiu levar a pauta para as ruas, em protestos realizados nas principais capitais, e influenciou na derrubada do texto pelo Senado na semana seguinte.

Na última quarta, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) criticou a aprovação do PL da Dosimetria: “A qualquer sinal de que um político do Centrão ou da direita será responsabilizado por seus atos, ou sua corrupção, correm para alterar as regras do jogo”. A movimentação também foi criticada pela deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), que escreveu em um post no X que a Casa “votou escondido para salvar Bolsonaro” enquanto “a maioria esmagadora da classe trabalhadora está dormindo e descansando da exaustiva escala 6×1”.

Entre as postagens, também foram veiculadas algumas que retomaram o apelido “Hugo Nem sem Importa”, também usado pela militância para ironizá-lo no passado, além de montagens que o associavam a descrições pejorativas como “playboy”, “protetor de bandidos” e “moleque”. Dados de um levantamento realizado pela Ativaweb, que encontrou mais de 7 milhões de menções relacionadas ao PL da Dosimetria, também indicam que 9 a cada 10 menções a Motta tiveram teor negativo nas últimas 24 horas.

As críticas também se estenderam ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, a favor do avanço da pauta na Casa. Em postagens compartilhadas por contas que se identificam com a esquerda, o senador foi descrito, junto a Motta, como um dos “golden boys” de Bolsonaro. Em outra publicação, os dois são aparecem retratados em um vídeo criado por inteligência artificial (IA) que mostra o deputado transferindo a Alcolumbre uma coroa de miss e uma faixa com os dizeres “Congresso inimigo do povo”.

Já aliados do ex-presidente de Bolsonaro comemoraram a aprovação do texto. Entre eles, o deputado Marcel van Hattem (PL-RS), que escreveu no X que a Câmara deu “um importante passo para reduzir o sofrimento de tantas famílias honestas brasileiras”. “Mas não desistiremos até alcançarmos anistia, anulação dos processos ilegais, reparação aos perseguidos políticos e a pacificação do Brasil”, acrescentou. O mesmo tom foi adotado pelo deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que disse que a versão adotada “não foi o ideal, mas ao menos vai reduzir o sofrimento de pessoas que estão presas injustamente por muito tempo”. (Com informações do jornal O Globo)

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