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Está foragido o ex-policial condenado pela morte e simulação do suicídio de um sobrinho em Porto Alegre

Familiares chegaram a comemorar no tribunal, terça-feira, a iminente prisão do réu. (Foto: Divulgação/MPRS)

A Justiça passou a considerar como foragido o ex-policial condenado em Porto Alegre, na terça-feira (28), a 46 anos de cadeia pelo estupro, morte e simulação do suicídio de um sobrinho adolescente. O réu seria preso imediatamente após o encerramento da sessão no tribunal, mas a busca sofreu atraso devido à megaoperação contra criminosos no Rio de Janeiro, onde ele mora. Quando agentes foram à residência, no dia seguinte, não havia ninguém.

O advogado de defesa, por sua vez, informou à imprensa desconhecer o paradeiro de seu cliente, que respondeu ao processo em liberdade e, durante o júri, prestou depoimento por meio de videoconferência – ocasião na qual voltou a negar envolvimento no crime, cometido em dezembro de 2016 no apartamento de sua irmã (mãe da vítima), localizado no bairro Tristeza (Zona Sul da capital gaúcha).

Relembre o caso

A morte do garoto, de 12 anos, resultou em um processo conturbado. O policial aposentado tinha 51 anos quando, já residindo no Rio de Janeiro, hospedou-se na casa onde o sobrinho, de 12, morava com a mãe. Conforme o Ministério Público, o tio abusou sexualmente do garoto: para encobrir o crime, matou a vítima com um tiro de pistola na testa e forjou uma cena de suicídio.

Essa foi a hipótese com a qual a Polícia Civil encerrou a investigação, mas a mãe do adolescente convenceu as autoridades sobre diversos aspectos incompatíveis com a tese de que o filho havia colocado um fim à própria vida. A apuração foi retomada e uma nova análise das provas resultou em denúncia aceita pela Justiça contra o ex-policial, em janeiro de 2020.

Dentre os diversos aspectos que chamaram a atenção dos familiares a respeito da circunstância do suposto suicídio estava um bilhete de despedida atribuído ao menino, dizendo “Mãe, eu te amo. Me enterre com a camisa do Grêmio”. O problema é que a letra e a assinatura não batiam com a caligrafia conhecida por eles.

Diversos familiares acompanharam presencialmente a sessão dentro e fora tribunal, usando camisetas estampadas com a foto do menino – que hoje seria um  jovem de 21 anos. Eles comemoraram a decisão do júri, sem imaginar que a punição ao acusado talvez tenha que aguardar mais algum tempo. A menos que ele se entregue às autoridades ou alguém indique o seu paradeiro.

A acusação foi conduzida pelos promotores de Justiça Lúcia Helena Callegari, que atuou no processo desde o início, e Eugênio Paes Amorim, designado pelo Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ) da instituição. No dia seguinte, o Ministério Público ingressou com recurso na 1ª Vara do Júri do Foro Central de Porto Alegre, por meio de embargos de declaração, com o objetivo de anular o pagamento da aposentadoria do réu, que é tenente da reserva da Brigada Militar.

(Marcello Campos)

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