Dirigir pelas ruas, desviando de trânsito, encontrando rotas e resolvendo imprevistos pode ser mais do que trabalho – pode ser um treino diário para o cérebro. É o que mostra um levantamento divulgado pelo Harvard Health, que sugeriu que motoristas de táxi e de ambulância têm menos chance de morrer por Alzheimer do que outros profissionais.
A pesquisa analisou dados de quase nove milhões de mortes nos Estados Unidos e encontrou um padrão curioso: entre taxistas e socorristas, a taxa de mortes relacionadas ao Alzheimer foi até 40% menor do que a média. E o motivo pode estar diretamente ligado ao exercício mental constante de se localizar, traçar rotas e tomar decisões em tempo real – atividades que ativam o hipocampo, região do cérebro ligada à memória e justamente uma das primeiras afetadas pela doença.
Outras profissões que trabalham com direção, como pilotos, capitães e motoristas de ônibus, não entraram nesta estatística, provavelmente porque seguem trajetos mais fixos e com menos necessidade de decisões rápidas.
Segundo o médico Robert Shmerling, autor do artigo, atividades que desafiam a mente, especialmente no campo da orientação espacial, podem ajudar na saúde cerebral. E isso não vale só para quem trabalha no volante. Práticas como trilhas, caça ao tesouro, jogos de estratégia e até videogames que exigem raciocínio espacial podem oferecer benefícios parecidos.
Especialistas também reforçam que o melhor jeito de proteger o cérebro é garantir uma saúde total: alimentação equilibrada, exercícios físicos, sono de qualidade e atividades que estimulem o raciocínio.
Terapia genética
Em outra frente, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), desenvolveram uma terapia genética para a doença de Alzheimer que pode ajudar a proteger o cérebro e preservar a função cognitiva. A abordagem, ao contrário dos tratamentos atuais que visam depósitos de proteínas, busca influenciar o comportamento das células cerebrais.
A doença de Alzheimer afeta milhões de pessoas globalmente.
Ela ocorre quando proteínas se acumulam no cérebro, levando à morte de células cerebrais e ao declínio da função cognitiva e da memória. Os tratamentos existentes para Alzheimer controlam os sintomas, mas a nova terapia genética busca interromper ou reverter a progressão da doença.
Em estudos com camundongos, os pesquisadores observaram que a administração do tratamento no estágio sintomático da doença preservou a memória dependente do hipocampo. Este é um aspecto da função cognitiva frequentemente afetado em pacientes com Alzheimer.
Os camundongos tratados também apresentaram um padrão de expressão gênica similar ao de camundongos saudáveis da mesma idade. Isso sugere que o tratamento tem o potencial de alterar o comportamento das células doentes, restaurando-as a um estado considerado mais saudável.
Embora sejam necessários mais estudos para a transição dessas descobertas para ensaios clínicos em humanos, a terapia genética oferece uma abordagem para mitigar o declínio cognitivo e promover a saúde do cérebro.
O estudo foi publicado na revista Signal Transduction and Targeted Therapy. A pesquisa foi liderada por Brian Head, Ph.D., professor de anestesiologia na Faculdade de Medicina da UC San Diego e pesquisador de carreira do Departamento de Assuntos de Veteranos. Shanshan Wang, MD Ph.D., professor-assistente de anestesiologia na Faculdade de Medicina da UC San Diego, foi coautor sênior.