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“Eu não consigo aceitar a minha prisão”, afirma José Dirceu ao juiz Sérgio Moro

Ex-ministro afirmou em depoimento que não vê razões para estar preso em regime fechado. (Foto: Reprodução)

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, réu na Operação Lava-Jato, afirmou em depoimento que não vê razões para estar preso em regime fechado. “Não consigo aceitar a minha prisão, doutor Moro”, disse ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava-Jato na primeira instância.

O petista criticou sua prisão ao reafirmar que colaborou com a Justiça quando necessário, estava em regime aberto e não fugiria do País. “Eu estava prestando todas as informações, eu estava no regime aberto em Brasília, domiciliar, eu estou sempre à disposição da Justiça, eu vou assumir o que tiver que assumir”, disse. “Agora, o que eu não posso é pela segunda vez virar chefe de quadrilha”, afirmou, referindo-se ao processo do mensalão. “Se a Justiça do meu País, como me condenou, me condenar a segunda vez, eu vou cumprir.”

O ex-ministro negou ter recebido propina de contratos da Petrobras. “Nem autorizei ninguém a falar em meu nome na Petrobras, usaram o meu nome”, rebateu. Dirceu disse ainda que não foi responsável pela indicação de Renato Duque à Diretoria de Engenharia, conforme outros réus apontaram. “Tudo passa pela Casa Civil”, declarou. “Se for assim, doutor, eu indiquei todos os diretores, todos os presidentes de estatais, todos os ministros do governo.”

“Irrisório”

“Sem falsa modéstia, 120 mil reais [por mês] é irrisório”, afirmou o ex-ministro ao explicar a Moro os valores cobrados por ele para prestar consultoria. O petista disse que os valores cobrados eram baixos em troca dele “emprestar” seu prestígio às empresas investigadas na Lava-Jato. Ele é suspeito de ter recebido mais de 11 milhões de reais em propina via falsos contratos de consultoria.

Em um dos momentos do depoimento, Moro perguntou por que a consultoria para a Engevix custava 120 mil reais por mês. “Sem falsa modéstia, 120 mil reais é irrisório”, afirmou o ex-ministro.  “Quero aproveitar para declarar que estou sendo alvo de notícias, que eu enriqueci. Que eu tenho um patrimônio de 40 milhões de reais. A minha empresa faturou 40 milhões de reais, 85% são despesas, são custeios. Eu ganhei o que ganha qualquer consultor ou advogado, 60 mil reais, 80 mil reais por mês”, respondeu Dirceu.

O petista explicou que, além de emprestar “seu nome e prestígio” às empresas, ele fazia panoramas políticos e econômicos do Brasil e da América Latina. “Meus clientes me ouviam para saber de economia, política, mercado”, declarou. (Folhapress e AG)

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