O euro bateu a maior baixa de 21 meses, nesta quinta-feira 93), por preocupações de que a invasão da Ucrânia pela Rússia prejudique o crescimento europeu. A divisa ficou em US$ 1,1097 na sessão da Ásia, apenas um pouco acima de sua mínima de US$ 1,1058 durante a noite, a menor desde maio de 2020.
“No nível corporativo, há uma rede de relacionamentos complexos entre a União Europeia e as empresas russas, particularmente no setor de energia. Os preços da energia subiram, assim como os de muitos produtos agrícolas. A guerra na Ucrânia, portanto, sugere uma inflação mais longa e o potencial de crescimento econômico mais lento”, destacou a estrategista sênior de câmbio do Rabobank, Jane Foley.
A inflação na zona do euro atingiu um recorde de 5,8% no mês passado, superando as expectativas e provocando alertas de autoridades sobre estagflação (aumento da taxa de desemprego combinado com a contínua alta de preços).
A libra esterlina foi puxada para baixo com o euro, desde a invasão da Rússia, embora tenha conseguido um salto da baixa de quarta-feira de US$ 1,3275 para ser negociada a US$ 1,341 na Ásia.
Refúgios como o iene e o franco suíço foram apoiados, embora tenham caído durante a noite com a força do dólar e moedas mais risco. O iene foi negociado pela última vez a 115,67 por dólar. O índice do dólar americano ficou em 97,502.
As Bolsas globais fecharam em baixa, com os investidores repercutindo a escalada dos conflitos entre Rússia e Ucrânia e as novas sanções impostas pelos Estados Unidos no setor de refino de petróleo russo. O barril de petróleo, por sua vez, chegou a renovar sua máxima em mais de uma década, porém o movimento perdeu força ao longo do dia.
Na Europa, as bolsas fecharam com baixa. A Bolsa de Londres cedeu 2,57% e a de Frankfurt, 1,84%. A Bolsa de Paris caía 2,16%.
Além da guerra, o destaque no continente foi para a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
O documento mostrou que os dirigentes do banco concordaram que o primeiro aumento de juros em mais de uma década estava se aproximando, já que a inflação mostrava sinais de persistir.
O BCE vem sendo pressionado pela alta nos preços. A inflação disparou para um pico recorde de 5,8% na prévia do mês passado, taxa de quase três vezes sua meta de 2%, e deve avançar muito mais nos próximos meses, à medida que os preços do petróleo e do gás saltam.
A autoridade monetária não fez referências claras ao conflito, até porque à época da reunião, a Rússia não havia invadido o território ucraniano.
Mas a tensão geopolítica pode influenciar nos próximos passos do banco, pois gera incerteza no mercado financeiro e um aperto brusco na política monetária, o que não se espera que ocorra, pode aumentar a volatilidade.
“A inflação pode ser maior do que o previsto nos próximos meses se o aumento dos preços da energia se intensificar, especialmente se as tensões geopolíticas aumentarem ainda mais, se a oferta de petróleo permanecer persistentemente lenta ou se os gargalos na produção e no comércio internacional se estenderem até o final do ano” destaca a nota.
As bolsas americanas fecharam em queda. O índice Dow Jones caiu 0,29% e o S&P, 0,53%. A Bolsa Nasdaq cedeu 1,56%.
Um dos focos de atenção do mercado financeiro é a reação dos bancos centrais de economias desenvolvidas a esse cenário. Na quarta-feira, o presidente do Federal Reserve, Banco Central americano, sinalizou que deve apoiar uma alta de 0,25% na taxa de juros do país na reunião que ocorre este mês.
Na Ásia, as bolsas fecharam com direções contrárias. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 0,70%. Em Hong Kong, houve alta de 0,55% e, na China, baixa de 0,09%.
O contrato para maio do petróleo tipo Brent, referência internacional, cedeu 2,18%, negociado a US$ 110,46, o barril, após bater os US$ 119,84 por barril, o nível mais alto desde 2012.
Já o contrato do tipo WTI para abril caíram 2,6%, cotado a US$ 107,67, o barril. O WTI chegou a atingir uma alta de US$ 116,57, patamar mais alto desde setembro de 2008. As informações são da agência de notícias Reuters.
