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A ex-atriz Brigitte Bardot disse que as denúncias de assédio são hipócritas e ridículas e também criticou as atrizes que “provocam” para conseguir papéis importantes

"No que se refere às atrizes, e não às mulheres em geral, é, na maioria dos casos, hipócrita, ridícula, sem interesse. Isso ocupa o lugar de temas importantes que poderiam ser discutidos", disse Brigitte. (Foto: Reprodução)

A ex-atriz francesa Brigitte Bardot, eterno símbolo sexual do cinema, considera que as denúncias de assédio sexual feitas por algumas atrizes são, “na maioria dos casos, hipócritas, ridículas, sem interesse” e critica aquelas que “vão provocando (…) com o objetivo de conseguir um papel”.

Em entrevista publicada na terça-feira (16) no site da revista Paris Match, a defensora dos direitos dos animais, hoje com 83 anos, assegura não ter “sido nunca vítima de assédio sexual”.

“E eu achava agradável que me dissessem que eu era bonita ou que eu tinha um pescoço bonito. Este tipo de elogio é agradável”, continuou Brigitte Bardot, grande estrela dos anos 1950 que renunciou à carreira cinematográfica em 1973 para se dedicar à sua causa.

“No que se refere às atrizes, e não às mulheres em geral, é, na maioria dos casos, hipócrita, ridícula, sem interesse. Isso ocupa o lugar de temas importantes que poderiam ser discutidos”, respondeu Brigitte sobre as denúncias de agressão sexual.

“Há muitas atrizes que vão provocando os produtores para conseguir um papel. Depois, para que se fale delas, dizem que sofreram assédio… Na realidade, mais do que beneficiá-las, isso as prejudica”, opinou.

“Tio inconveniente”

A atriz Catherine Deneuve e outros críticos do movimento contra abusos sexuais #MeToo parecem “o tio inconveniente do jantar em família”, disseram recentemente importantes feministas francesas.

Catherine Deneuve e outras 99 mulheres assinaram uma coluna no jornal Le Monde em que argumentam que a campanha #MeToo equivale a “puritanismo” e é alimentada por um ódio aos homens. O tom da coluna contrastou com aquele assumido por celebridades na premiação do Globo de Ouro, no último dia 7, no qual Oprah Winfrey e outras grandes personalidades de Hollywood apoiaram o movimento #MeToo e outras iniciativas para lutar contra a desigualdade de gênero e a agressão sexual.

“Com essa coluna elas estão tentando construir de volta o muro de silêncio que nós começamos a destruir”, disseram a ativista feminista Caroline De Haas e outras 30 mulheres, em sua própria coluna, publicada pelo site da emissora de TV Franceinfo.

Milhões de mulheres usaram as redes sociais nos últimos meses para compartilhar suas histórias de agressões ou abusos sexuais, usando a hashtag #MeToo mundialmente ou #balancetonporc (#DenuncieSeuPorco) na França, como resultado das acusações contra o produtor de cinema norte-americano Harvey Weinstein.

Mas, a atriz Catherine Deneuve, de 74 anos, e outras signatárias da coluna disseram que o movimento #MeToo havia ido longe demais, defendendo o que descreveram como o direito de homens “importunarem” as mulheres. Elas disseram que isso é essencial para a liberdade sexual e que mulheres podem ser fortes o suficiente para “não ficaram traumatizadas com assediadores no metrô”.

“É perigoso colocar nestes termos”, disse a ministra de Igualdade de Gênero, Marlene Schiappa, à rádio France Culture, dizendo que o governo já está lutando para convencer jovens mulheres de que elas não têm culpa quando alguém as assedia e de que elas devem ir à polícia prestar queixas quando isso acontece.

Caroline De Haas e outras ativistas argumentaram que aqueles que pensam como Deneuve ignoram a realidade do abuso sexual. “Assim que há algum progresso com a igualdade (de gênero), mesmo de meio milímetro, algumas boas almas advertem que nós podemos estar indo longe demais”, escreveram.

 

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