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Ex-comandante da Aeronáutica diz ao Supremo que alertou Bolsonaro sobre inexistência de fraude nas urnas

Ex-comandante comunicou ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) a inexistência de evidências de que as urnas eletrônicas tivessem falhas. (Foto: Agência Brasil)

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nessa quarta-feira (21) que comunicou ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) a inexistência de evidências de que as urnas eletrônicas tivessem falhas. Ele é uma das testemunhas no processo em que Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado.

Segundo Baptista Junior, o coronel Marcelo Câmara, então assessor de Bolsonaro, procurou o coronel Wagner Oliveira da Silva, que compunha a Comissão de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação, para tratar sobre “achados” de fraudes nas urnas eletrônicas.

O colegiado, instituído pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ampliar a transparência e a segurança de todas as etapas de realização das eleições, incluiu as Forças Armadas.

Baptista Junior afirmou que, depois desse episódio, pediu diretamente ao então ministro da Defesa, Paulo Sergio Oliveira, que avisasse a Bolsonaro que seu auxiliar não deveria abordar Silva para discutir teses de fraude nas urnas. Na ocasião, afirmou aquele comportamento consistia em quebra da cadeia de comando e que diversas teorias criadas dentro da Presidência da República sobre irregularidades nas eleições já haviam sido rechaçadas pelas próprias Forças Armadas.

O ex-comandante da Aeronáutica disse ainda, no depoimento ao Supremo, ter alertado Bolsonaro, em novembro de 2022, sobre falhas no relatório produzido pelo Instituto Voto Legal (IVL), que apontava fraudes nas urnas eletrônicas. Aquele documento apresentado ao militar na reunião foi usado como base para o pedido do PL de anulação dos votos das eleições daquele ano.

“Eu falei: presidente, esse relatório está muito mal escrito. Ele contém erros na identificação das urnas”, relatou no depoimento, ao confirmar o que já havia dito à Polícia Federal (PF) durante as investigações sobre a tentativa de golpe.

“Comentei (sobre a inexistência de fraudes nas urnas) após o segundo turno, numa reunião que tivemos no dia 9 de novembro, e depois em várias reuniões com o ministro da Defesa e depois, com mais ênfase, no dia 14, quando ele (Bolsonaro) me apresentou o relatório do Instituto Voto Legal”, afirmou.

Após o alerta, Bolsonaro ligou para o presidente do IVL, Carlos Rocha, e o colocou na linha com Baptista Junior, que explicou os erros técnicos encontrados no relatório e reforçou a opinião de que não havia falhas nas urnas que comprometessem a integridade do resultado das eleições.

Baptista Junior é testemunha na ação penal convocada pela acusação, a Procuradoria-Geral da República (PGR), e pelas defesas dos réus Jair Bolsonaro; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; e Paulo Sergio Oliveira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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