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Ex-ministro Sérgio Moro diz que fraudes no combate à pandemia do coronavírus são “quase um genocídio”

Moro teve o celular invadido por hackers em junho do ano passado, ainda como ministro da Justiça. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmou que fraudes envolvendo desvios de recursos públicos da saúde, que deveriam ser aplicados em ações de combate ao novo coronavírus, “são quase como um genocídio”. Moro concedeu entrevista para o programa GloboNews Debate.

Na ocasião, Moro foi questionado sobre a avaliação da passagem dele pelo governo de Jair Bolsonaro, as perspectivas para o futuro e os caminhos possíveis para o combate à corrupção e à criminalidade no País.

Sobre as denúncias de corrupção na saúde, alvo do Ministério Público e da Polícia Federal nos estados, o ex-juiz disse que como cidadão se sente mal. “Nenhuma sociedade vive com níveis tão gritantes de corrupção ou impunidade”, disse.

Ele avalia que o legado da Lava-Jato no combate aos crimes praticados pelos políticos deveria ser uma sociedade que fiscaliza mais seus agentes públicos. Para Moro, a expectativa também é que as pessoas não pratiquem esses crimes com tanta naturalidade, como no passado.

“Ver situações que podem envolver desvios de recursos públicos para a compra de equipamentos ou material para salvar vidas, o desvio desse tipo de recurso, não vou dizer que é um crime lesa a pátria, é quase um crime de genocídio. Você deixar as pessoas ao desamparo, aproveitando a fragilidade e a vulnerabilidade do sistema de controle, ou dessa urgência decorrente da pandemia para ter esse tipo de comportamento. Vejo com grande pesar”, afirmou.

Ele ainda destacou o papel da sociedade como fiscalizador do papel dos governantes e diz que as suspeitas de corrupção na saúde, que motivam operações da polícia desde abril, deixam uma lição.

“Por mais lamentável que seja, eles nos dão uma lição importante combater a corrupção. Nos ensina a estar sempre vigilantes ao comportamento dos nossos governantes e agentes públicos. A população tem que ser fiscal do comportamento dos servidores públicos”, concluiu.

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