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Exame que identifica gripe aviária usa o mesmo método de teste de covid; entenda

Laboratório referência em biossegurança usa o swab, uma ferramenta semelhante a um cotonete, para coletar amostras biológicas das aves contaminadas. (Foto: Reprodução)

O exame que identificou o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial do Brasil usou o mesmo método utilizado para detecção de casos de covid-19 em humanos.

O rastreamento foi realizado no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) São Paulo, em Campinas, no interior de São Paulo, que tem o maior nível de biossegurança do país e é referência na América Latina na identificação de contaminações.

Foi utilizado o swab, uma ferramenta semelhante a um cotonete, para coletar amostras biológicas das aves contaminadas.

Os materiais foram retirados da traqueia e da cloaca das aves. Órgãos do sistema digestivo, respiratório e nervoso também foram retirados para análise e, no laboratório, foram triturados para se juntarem aos reagentes.

“Esses órgãos precisam ser triturados, centrifugados e também é misturado com o que a gente chama de tampão de lise, que vai inativar esse vírus”, explica a auditora fiscal federal de agropecuária Juliana Nabuco Pereira Otaka.
Os pesquisadores destroem o vírus para liberar o material genético e fazer o estudo. O resultado sai em 24 horas.

Acesso com exclusividade

O LFDA existe desde 1979 e tem nove laboratórios para atender aos programas de monitoramento do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Nele, foi descoberta a gripe aviária em 2023, em aves silvestres.

Seu nível de biossegurança é o 3+ (NB3+), que é o mais alto no país, para trabalho com doenças contagiosas e com grande risco de letalidade. Neste quesito, o LFDA deve ser superado pelo que está em construção, também em Campinas, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), e será de NB4.

As amostras de frango chegaram do sul na última quinta-feira, em caixas de isopor, para manter a temperatura em até 8º C. Os procedimentos seguem o protocolo internacional da Organização Mundial de Saúde Animal.

Dentro do laboratório, estão as amostras originais que vieram da granja no Rio Grande do Sul, que têm o vírus da influenza aviária. Por segurança, a equipe não pôde entrar nessa sala.

“Vou ter que tirar toda essa roupa, tirar óculos, anel, brinco. Lente de contato não é permitida também, celular não pode, comida não pode também […] Uma vez acionada essa porta, a porta lá do NB3 é travada automaticamente, e se a porta do NB3 é aberta, essa aqui também não abre”, explica a auditora de agropecuária.

Risco

Enquanto isso, aumentou o número de países que suspenderam a importação do frango brasileiro. O ministro da agricultura, Carlos Fávaro, espera que a situação se normalize em menos de um mês.

“A gente acredita que com 28 dias será dizimado o foco em Montenegro e não deixar isso passar para nenhuma outra região brasileira. A gente consegue, então, bloquear e já voltar a declarar, depois disso, o Brasil livre de gripe aviária”, afirma o ministro.

Fávaro também reiterou que a gripe aviária não traz riscos para a saúde humana.

“Todos os trabalhadores, tratadores que trabalharam com esses animais já estão em isolamento, monitorados para que não ocorra nenhum risco à saúde desses trabalhadores. Fora isso, a população em geral não tem risco nenhum, fiquem tranquilos, podem continuar trabalhando, levando a sua vida normal e consumindo carne de frango e ovos”, garantiu.

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