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Executivos que admitiram seus crimes na Odebrecht têm 438 milhões de reais a receber da empreiteira

A Odebrecht registrou o maior pedido de recuperação judicial da história do País. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Na longa lista de credores da Odebrecht, que entrou com pedido de recuperação judicial na segunda-feira (17) com dívidas que somam R$ 98,5 bilhões, um grupo de 42 pessoas se destaca: os executivos e ex-executivos que atuaram como delatores no maior acordo de colaboração já feito dentro da Operação Lava-Jato. Juntos, eles têm a receber R$ 438 milhões em incentivos e remunerações que não foram pagas pela empresa, cujo pedido de recuperação foi formalmente aceito pela Justiça na terça-feira (18).

Nesta lista constam duas figuras centrais na história do grupo, responsáveis pela gestão da Odebrecht nos momentos de maior expansão e também no estouro do escândalo de corrupção: Emílio e Marcelo Odebrecht. Pai e filho pedem, juntos, R$ 97 milhões.

A delação da Odebrecht, que chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) em dezembro de 2016, teve a participação recorde de 77 delatores, a maior parte deles executivos e ex-executivos do grupo que deram informações sobre crimes de corrupção praticados pela empresa. Nesse processo, foram devolvidos à Justiça R$ 310 milhões. Agora, parte desses delatores tenta receber recursos que foram prometidos pela empresa, mas que acabaram não sendo pagos com a deterioração de suas finanças.

Na lista, há nomes como o do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o BJ, que pede R$ 14,4 milhões, e o do ex-presidente da construtora do grupo Márcio Faria da Silva, detentor de R$ 74,5 milhões em créditos. O ex-diretor de Relações Institucionais, Alexandrino Alencar, cobra R$ 2,5 milhões. Procurada, a Odebrecht não se manifestou.

Segundo fontes próximas à empresa, na lista de credores há ex-executivos que tinham programas de stock options (remuneração baseada em ações). Nesse tipo de programa, os empregados compram papéis da empresa que, depois de um período de valorização, podem ser convertidos em dinheiro. Com a crise financeira vivida pela Odebrecht, essa conversão não ocorreu.

De acordo com o documento entregue à Justiça com o pedido de recuperação judicial, Marcelo Odebrecht – que ficou preso em Curitiba por dois anos e meio e cumpre hoje o resto da pena em casa após formalizar delação premiada – tem R$ 16 milhões a receber. Aparece listado como um credor quirografário, ou seja, sem garantia real para seu crédito. Entre os credores da Odebrecht estão 42 executivos que fizeram delação premiada, incluindo os donos Emilio e Marcelo Odebrecht.

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