A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para ele deixar a prisão domiciliar para realizar um procedimento chamado “exérese e sutura de hemangioma, linfangioma ou nevus”, em ambiente hospitalar.
Em palavras mais simples, trata-se da retirada, por meio de um procedimento cirúrgico ambulatorial, de uma lesão da pele, como pintas e alterações nos vasos linfáticos ou vasos sanguíneos.
De acordo com a dermatologista Jade Cury, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP), o procedimento depende muito do tamanho e do local da lesão.
“Pintas e lesões pequenas geralmente são retiradas sob efeito de anestesia local com um objeto cortante, seja a lâmina do bisturi ou um punch dermatológico, como se fosse uma canetinha que corta. Esse material é enviado para biópsia e a área em que a lesão estava é fechada com cola cirúrgica ou pontos de fio de sutura”, explica a médica.
Em geral, as complicações incluem hematomas, abertura dos pontos ou infecção do local.
Os motivos indicados para o procedimento do ex-presidente são um nevo melanocítico do tronco e uma neoplasia de comportamento incerto. O nevo melanocítico do tronco é uma pinta ou sinal benigno que se forma devido a uma concentração de células produtoras de pigmento (melanócitos) na pele do tronco.
Essa pinta pode surgir desde o nascimento ou desenvolver-se ao longo da vida. Pode ser uma mancha plana (mácula) ou uma elevação (pápula), com coloração que varia do marrom claro ao escuro. Embora geralmente inofensivo, é importante observar alterações que podem indicar a possibilidade de melanoma, como alterações no seu tamanho, cor ou bordas. Em casos suspeitos, é realizada a retirada e a biópsia para uma análise mais aprofundada.
“Existem lesões que aparentemente podem ser benignas, mas que devem ser retiradas e biopsiadas para fazer o diagnóstico diferencial”, pontua Cury. “Os nevos melanocíticos, que é o nome formal das pintas, podem ser benignos e não há necessidade de serem retirados. Mas existem também os nevos melanocíticos displásicos ou atípicos, que clinicamente são difíceis de diferenciar de um câncer de pele tipo melanoma. Então, se há dúvida, é indicada a biópsia ou, se for uma lesão pequena, direto a retirada completa”.
Os sinais que indicam a necessidade de buscar um especialista devido ao risco de melanoma, um câncer de pele pouco frequente, mas muito agressivo, formam a sigla ABCDE: A de assimetria; B de bordas, quando as margens da lesão são irregulares; C de coloração, se tiver múltiplos tons de marrom, preto, branco, cinza numa mesma pinta; D de diâmetro, pintas maiores do que 6 milímetros; e E, de evolução, ou seja, uma pinta que muda. Esse tipo de lesão surge das pintas marrons.
Já os sinais de alerta para câncer de pele não melanoma, que representa mais de 90% dos casos, são feridas que não cicatrizam, que sangram fácil, ou bolinhas rosas ou da cor da pele que aumentam de tamanho.