Ícone do site Jornal O Sul

“Existe um novo dicionário de crimes inventados por promotores e juízes”, disse a deputada Cristiane Brasil

Deputada  Cristiane Brasil participou da convenção nacional do partido neste sábado. (Foto: Gilmar Felix/ Câmara dos Deputados)

Investigada na Operação Registro Espúrio, que apura esquema de fraudes na liberação de registros sindicais no Ministério do Trabalho, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) conseguiu autorização para participar da convenção nacional do seu partido e declarou, neste sábado, que “existe um novo dicionário de crimes que são inventados por promotores e juízes”. Ela afirmou ainda que promotores, delegados e juízes fazem “ativismo judicial” com o objetivo de influenciar no resultado das eleições.

“Acho lindo esse ativismo judicial, só que é proibido, é contra a democracia e não favorece em nada combate à corrupção. Hoje em dia, existe um novo dicionário de crimes inventado por esses promotores, delegados e juízes, porque não existem no Código Penal”, disse. “É uma coisa que eu fico impressionada, ver aqueles santinhos, bonitinhos, atrás de suas lindas cadeiras, gravando vídeos e tentando dizer que a gente só pode votar em quem eles mandarem”, completou a parlamentar.

Cristiane afirmou que o PTB virou “criminoso político” diante da Justiça, mas que, na verdade, “é uma sigla limpa, de heróis, que honra sua história e seus fundadores”. “Digo para vocês, podem bater, podem bater doído na gente, porque, no final das contas, se temos a Constituição e fazemos valer as leis, a verdade prevalecerá e a inocência dos nossos dirigentes também prevalecerá.”

Ela tratou ainda de questões envolvendo justamente a questão do imposto sindical. “O PTB não fica alimentando pelego com imposto sindical, não. Não vamos permitir retorno desse imposto maligno. Se houver pagamento para sindicatos, que seja acordado e jamais imposto novamente.”

Conversa rápida

Proibida de falar com o pai por ser investigada na operação Registo Espúrio, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB) conversou brevemente neste sábado com Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, na convenção do partido que selou apoio ao candidato a Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin.

“O senhor tá bem?”, perguntou ela ao se encontrar com o pai no momento em que o ex-deputado condenado no mensalão chegou ao evento com Alckmin. Pai e filha chegaram a sentar por alguns minutos à mesa do café da manhã ao lado do tucano, mas não conversaram.

O Supremo Tribunal Federal (STF) atendeu ao pedido de Cristiane Brasil e permitiu que ela participasse da convenção nacional do partido hoje, mas determinou que ela permanecesse no evento apenas no período entre o início e o encerramento da convenção e que não mantivesse conversas particulares com os investigados, entre eles seu pai. A defesa de Cristiane Brasil entrou com pedido junto ao ministro do STF Edson Fachin para que as medidas restritivas, que incluem não ter contato com Roberto Jefferson, sejam revistas.

O ex-ministro do Trabalho Helton Yomura, afastado do cargo na operação Registro Espúrio, também foi autorizado pelo Supremo a comparecer à convenção nacional da sigla, mas preferiu não ir ao evento. Yomura, Cristiane Brasil e Roberto Jefferson estão sendo investigados por crimes relacionados à comercialização indevida de registros sindicais na pasta que era comandada pelo PTB e não podem se comunicar sem autorização judicial.

Sem citar a operação na qual é investigada, a deputada federal fez um discurso em que criticou o “ativismo judicial” do Ministério Público Federal “que não favorece em nada o combate à corrupção”.

Questionada pelo jornal O Globo sobre como está lidando com a ordem de não se aproximar de Roberto Jefferson, Cristiane Brasil afirmou que está tentando reverter a situação na Justiça.
“As medidas são excessivas. Meu pai tem problema de saúde e esse afastamento não há tempo que pague. Isso não me faz feliz e não melhora a saúde. Além de tudo ele é presidente do partido. Eu tenho que falar com ele por terceiros e fico de fora de uma série de decisões no momento pré-eleitoral.”

 

Sair da versão mobile