Três das maiores montadoras de automóveis do planeta decidiram aderir ao compartilhamento de veículos, enquanto a indústria corre para manter a relevância na era do Uber e do BlaBlaCar.
A poucas horas de intervalo, nesta semana, Ford, General Motors e GM anunciaram esquemas semelhantes – e cada uma delas se definiu como a primeira companhia a permitir que proprietários de automóveis ganhem dinheiro ao alugar veículos novos para outros motoristas.
Os anúncios são parte das tentativas de sistemas estabelecidos para responder à mudança nos gostos da chamada geração milênio.
Os executivos da indústria automobilística estão acompanhando com alarme as mudanças de consumo causadas por novas empresas que encorajam indivíduos a compartilhar bens e serviços.
A partir do ano que vem, a BMW permitirá que compradores do Mini optem por alugá-lo por meio do DriveNow, um esquema já existente operado pela montadora alemã.
A opção estará inicialmente disponível nos EUA e mais tarde em cidades onde o DriveNow opera, como Londres.
A Opel, a marca europeia da GM, permitirá que motoristas aluguem seus carros -por exemplo, para seus amigos de Facebook- por meio de um app especial.
A Ford também lançou um esquema piloto com prazo de seis meses para permitir que 12 mil compradores de Londres que adquiriram carros financiados por sua divisão financeira aluguem seus veículos por meio do easyCar Club, uma plataforma de compartilhamento online.
O projeto piloto será estendido a seis cidades nos EUA. em colaboração com o Getaround, outra plataforma de compartilhamento.
Em cada um desses casos, parte do dinheiro pago por quem aluga o carro vai para o proprietário e o restante fica com a montadora, em parte para cobrir o custo de seguro.
Surgiram diversas plataformas oferecendo modelos de compartilhamento de veículos, como a RenteCarlo, cujos usuários compartilham Maseratis, Porsches e Audis R8. Outros serviços, como o BlaBlaCar, empresa francesa de compartilhamento de automóveis, emparelham motoristas e passageiros, o que ameaça solapar ainda mais o conceito de propriedade de um carro.
Dan Ammann, presidente da GM, no mês passado delineou o dilema para os moradores de cidades que raramente usam seus carros. “É a última coisa que você deveria fazer, porque, se comprar esse ativo, o valor se deprecia bem rápido, você só o usa 3% do tempo e paga muito dinheiro para mantê-lo estacionado os outros 97%”, ele afirmou.
Ele acrescentou que a GM estava em busca de como oferecer “as partes boas” da experiência – a liberdade de se deslocar para onde a pessoa quiser e na companhia de quem ela quiser – mas sob um “modelo de compartilhamento”.
Houve alertas apocalípticos de que o compartilhamento de carros dizimará o faturamento das montadoras, em um momento no qual suas necessidades de investimento estão em alta por conta da regulamentação ambiental. Mas haveria maior risco em elas não se adaptarem às novas tendências, disse Philippe Houchois, analista do UBS.
“Creio que as montadoras de automóveis estejam despertando rapidamente para o fato de que parte de sua clientela atual e futura não tem mais interesse em ser dona de carros”, ele acrescentou.
“No entanto, a demanda por transporte pessoal em carros continua a crescer. Quanto mais os carros forem usados, ou seja, compartilhados, maior o desgaste e a necessidade de substituição. Assim, compartilhamento e divisão não são necessariamente negativos, a não ser que a empresa opte por não participar”.