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Faculdade de Direito da USP pode ter o 13º presidente da República

Esse modelo de gestão compartilhada, na avaliação de assessores do presidente interino, Michel Temer, eleva o valor de venda da BR (Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil)

O quadro na parede do salão de eventos da Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) ficará defasado e precisará ser trocado se o Senado aprovar na quarta-feira o afastamento de Dilma Rousseff. A obra que retrata, em forma de caricatura, os 12 ex-presidentes da República que passaram pelos bancos do Largo São Francisco terá que incluir Michel Temer, aluno da turma de 1963. A chegada de Temer ao poder retoma uma tradição que ficou adormecida por 55 anos.

O último presidente que havia saído das Arcadas, apelido da faculdade no meio jurídico, havia sido Jânio Quadros, que tomou posse em 1961 e renunciou menos de sete meses depois. Apesar de iminente chegada ao poder, ainda não há data para Temer entrar no quadro dos ex-presidentes.

“Só mudaremos quando houver decisão definitiva do Senado sobre o impeachment”, afirmou José Carlos Madia, presidente da Associação dos Antigos Alunos da São Francisco. Criada em 1827, a faculdade do Largo de São Francisco foi o primeiro curso de Direito do País ao lado do de Olinda (PE). Dos 12 presidentes que passaram pelas arcadas da faculdade, oito ocuparam o poder durante o período que ficou conhecido como Primeira República, entre 1889 e 1930.

ELEIÇÃO PARA O CENTRO ACADÊMICO

Em relato da sua passagem pelo Largo de São Francisco, publicado em 2014 em um livro de memórias de ex-alunos, o vice-presidente Michel Temer contou que ingressou na política por causa da experiência na faculdade e que lá formou a sua capacidade de articulação. Mas ainda como aluno, quando tentou se eleger presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, não foi bem-sucedido. Na disputa de 1963, obteve 360 votos e ficou em segundo.

O vencedor foi Oscarlino Marçal (já falecido), com 589 votos. Marco Antonio Peçanha ficou em terceiro. “O Michel era o favorito. Não ganhou por minha causa”, lembra Peçanha, que entrou na disputa por um partido dissidente do de Temer. O terceiro colocado afirma que Temer articulou a candidatura a presidente do centro acadêmico, restrita aos alunos do último ano, desde que entrou na faculdade. “Ele fazia política no pátio, em rodinhas, de manhã e de noite”, recorda.

De acordo com Peçanha, a chapa de Temer era de centro-esquerda, enquanto a sua se definia como de centro e a vencedora era de esquerda. Ao entrar na faculdade em 1959, Temer surfou na popularidade de três dos seus irmãos mais velhos, que estudavam ou tinham estudado nas Arcadas. Mesmo antes de ingressar no curso de Direito, ele foi morar com os irmãos. (AG)

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