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Falando na Organização das Nações Unidas, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, defendeu o direito à vida desde a concepção

Damares Alves não citou o assassinato de Marielle Franco. (Foto: Divulgação/MRE)

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, acaba de discursar na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra, na Suíça. Ela assegurou que se comprometerá com “os mais altos padrões de direitos humanos” e com a “defesa da democracia”. Logo no início de sua fala, que durou mais de 10 minutos, Damares destacou que lutará para garantir os direitos das mulheres, com atenção especial a casos de feminicídio e abuso sexual. Embora não tenha mencionado a palavra “aborto”, a ministra salientou que defenderá o direito de todos “à vida desde a concepção”.

“Defenderemos tenazmente o pleno exercício por todos do direito à vida desde a concepção e à segurança da pessoa, em linha com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, bem como, no âmbito regional, com o Pacto de São Jose da Costa Rica.”

A menos de um mês de completar um ano do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), o caso não foi mencionado no discurso da ministra, apesar de ela afirmar que o País segue comprometido com a proteção “dos corajosos defensores de direitos humanos”.

“Com essa preocupação, reforçamos o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, que passou a incluir explicitamente comunicadores sociais e ambientalistas em seu escopo”, limitou-se a dizer.

Agradecimento em língua tupi e Libras

Quando falou sobre os povos indígenas, “um tópico particularmente caro e querido”, ela tocou em um assunto polêmico: a adoção, sem ter passado por um processo formal, de uma índia.

“Esta Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, há mais de duas décadas, milita em defesa das mulheres e crianças indígenas e é também mãe socioafetiva de uma jovem indígena da etnia kamayurá”, disse Damares.

“Como se diz na língua indígena tupi, Kuekatu reté [Obrigada]. E na língua de sinais… — disse ela, fazendo em seguida os gestos que significam, em Libras, ‘obrigada’.”

A ministra também afirmou que um dos focos de sua atuação será o “fortalecimento de vículos familiares”.

“Além disso, redobraremos os esforços para prevenir a mortalidade materna, neonatal e infantil. Buscaremos revigorar o Bolsa Família, por meio de desembolso do 13º benefício, ao mesmo tempo em que realizaremos auditoria para coibir irregularidades e excessos.”

Ela citou, ainda, a tragédia de Brumadinho (MG), onde uma barragem da Vale se rompeu e despejou toneladas de rejeitos na cidade. A ministra avaliou que “a ação ou omissão de empresas pode ter consequências concretas sobre os direitos humanos”.

Apelo sobre Venezuela

Damares também clamou para que os países se unam ao Brasil na ajuda à Venezuela e para que reconheçam Juan Guaidó como presidente encarregado do país. Segundo ela, a ação do Brasil não é para intervir no vizinho, mas para oferecer ajuda imediata:

“Não poderia deixar de expressar a preocupação do governo brasileiro com as persistentes e sérias violações de direitos humanos cometidas pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro. O Brasil uniu-se aos esforços do presidente encarregado Juan Guaidó, não para intervir, mas para prover imediata ajuda humanitária ao povo venezuelano. O Brasil apela à comunidade internacional a somar-se ao esforço de libertação da Venezuela, reconhecendo o governo legítimo de Guaidó e exigindo o fim da violência das forças do regime contra sua própria população.”

Depois de discursar, ela reclamou a jornalistas, durante uma entrevista coletiva, ser alvo de chacota e zombaria no Brasil.

Estreia no palco internacional

Após o discurso de Damares na Comissão de Direitos Humanos da ONU — sua estreia no cenário internacional —, a ministra se reuniu com jornalistas brasileiros e estrangeiros.

A programação ainda inclui reuniões com organizações da sociedade civil — mantendo uma tradição do governo brasileiro — e com representantes de diversos setores também na terça-feira.

Representando a delegação brasileira, a ministra já tem encontro marcado com Michelle Bachelet, Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, e com Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Ela também vai se reunir com a ministra federal dos Direitos Humanos do Paquistão, Shireen Mazari, e com o secretário executivo da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), Francisco Ribeiro Telles.

“As reuniões constituem oportunidade para apresentar assuntos prioritários na agenda de direitos humanos do governo brasileiro. Entre os temas, mulheres, crianças e adolescentes, indígenas, pessoas com deficiência, comunidades tradicionais, igualdade racial, juventude, pessoas idosas e família”, diz a nota enviada aos jornalistas pela assessoria da ministra.

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