Na manhã desta terça-feira (21) o presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha uma agenda importante a cumprir em Nova York: um encontro privado com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. De acordo com fontes ligadas ao Itamaraty, um dos principais temas a ser tratado na reunião seria a reforma do Conselho de Segurança com participação permanente do Brasil. Vale lembrar que o país já faz parte do conselho neste e no próximo ano, mas como membro não-permanente.
Seria uma ótima oportunidade – se o presidente tivesse chegado a tempo para o encontro.
Desencontros
A saída de Bolsonaro do hotel estava prevista para 8h20 (do horário local; 9h20 do horário de Brasília) para que chegasse pontualmente na reunião às 8h40. Porém, ao deixar o prédio, o presidente foi surpreendido duas vezes.
Cerca de 40 apoiadores estavam especialmente eufóricos ao ver Bolsonaro – e isso fazia com que não respeitassem os limites da área imposta ao grupo pela comitiva presidencial e pelo serviço secreto. Formou-se tamanha confusão na porta do hotel que o presidente acabou decidindo voltar para o lobby.
Segundo imprevisto
Mas o segundo imprevisto era mais difícil de contornar. Apesar da rua atrás do hotel estar parcialmente fechada, e contar com forte presença de pessoal e de carros do serviço secreto, não havia nenhum automóvel disponível para Bolsonaro. Não só o presidente, mas também a primeira-dama, Michelle; o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP); o ex-secretário especial de Comunicação Social (Secom) e coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro à reeleição, Fabio Wajngarten; e o ministro das Comunicações, Fábio Faria; que faziam parte da comitiva brasileira, estavam atrasados para os compromissos na ONU.
Quando já eram quase 9 da manhã, após certo desentendimento entre membros do governo e do Itamaraty, Bolsonaro decidiu caminhar até que conseguisse encontrar algum carro do serviço secreto disponível. Além de sua comitiva e jornalistas, seus apoiadores decidiram segui-lo pelas ruas de Manhattan em busca de fotos, vídeos e alguma atenção.
Sem primeira-dama
Depois de pouco mais de 5 minutos de caminhada, o presidente finalmente conseguiu um carro para se locomover para a abertura da Assembleia. Porém, a primeira-dama ficou para trás. Fabio Wajngarten ficou responsável por achar um carro para que Michelle chegasse a tempo para o discurso do presidente.
Chegada a tempo
Apesar da confusão, Jair Bolsonaro conseguiu discursar na hora prevista para tal – às 9h40 da manhã. Após sua fala, o presidente encontrou brevemente com o Secretário-Geral apenas para o registro de uma foto em que eles apertam as mãos. Não havia tempo para agendar uma nova reunião com Guterres.
A troca de farpas entre o Itamaraty e membros do governo ficou clara ao tentarem apontar um culpado. Enquanto o Itamaraty alega que o problema com a suposta disponibilidade dos carros é competência apenas do serviço secreto, membros do governo afirmam que na viagem anterior do presidente, para o enterro de Elizabeth II em Londres, o mesmo tipo de incidente acontecia com frequência.

